Farc: chefes do grupo são acusados de assassinatos, sequestros, desaparecimentos, recruamentos de crianças, abusos sexuais e narcotráfico (Luis Robayo/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2014 às 15h11.
Havana - A guerrilha colombiana Farc propôs neste sábado a realização de uma profunda reforma política e jurídica na Colômbia e reiterou que seus integrantes não cumprirão penas de prisão após um acordo de paz com o governo para encerrar o mais prolongado conflito armado da América Latina.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o governo do presidente Juan Manuel Santos iniciaram nesta semana uma nova rodada de negociações em Havana, revivendo os esforços para acabar com um confronto que já deixou mais de 200 mil mortos e milhões de desabrigados.
"Como não estamos no cenário de vitória militar de nenhuma parte, mas sim em diálogos para construir uma paz com reformas profundas, não há outra maneira a não ser abrir caminho já a uma profunda reforma política e jurífica a partir dos avanços de Havana", disse o guerrilheiro Pablo Catatumbo.
No comunicado lido à imprensa, as Farc não detalharam quais são as reformas políticas e jurídicas propostas e descreveram como "irreal" e "assimétrica" a possibilidade de condicionar um acordo de paz na Colômbia à prisão dos guerrilheiros.
"Consideramos que os atuais Diálogos de Paz de Havana devem gerar um novo Direito que (...) encontre novos equilíbrios entre paz, justiça e reparação", completou pouco antes do início de uma nova rodada de negociações.
Os chefes das Farc são acusados de assassinatos, sequestros, desaparecimentos, recruamentos de crianças, abusos sexuais e narcotráfico, entre outros crimes.
As partes chegaram a acordos parciais para dar acesso a camponeses a terras, sobre garantias para a participação da guerrilha na política e sobre a luta contra o narcotráfico.
Mas ainda estão pendentes questões complexas como a compensação às vítimas, o fim do conflito e a aprovação pelos colombianos de um eventual acordo de paz.