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Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2013 às 21h52.
Havana - A guerrilha Farc disse nesta quinta-feira que está disposta a assinar acordos intermediários, como armistícios ou outros humanitários, se fracassar o diálogo de paz que está sendo negociado em Cuba com o governo para tentar encerrar o conflito armado de meio século na Colômbia.
No encerramento da terceira rodada das negociações, iniciadas há dois meses, ambas as partes disseram ter avançado no tema agrário, o primeiro dos cinco pontos da agenda, mas deixaram transparecer diferenças em meio a declarações inflamadas.
Embora as negociações começaram sob o princípio de que "nada está acordado até que tudo seja acordado", pela primeira vez as Farc deixaram aberta a possibilidade de chegar a acordos intermediários que gerem ambiente na Colômbia para favorecer a vontade de paz.
"Destacamos nossa disposição, se não há acordos que parem o conflito e a guerra, estamos decididos a assinar acordos intermediários como armistícios ou acordos humanitários que facilitem e construam pontes em meio a este furacão que a política de guerra pode gerar em nosso país", declarou a jornalistas Andrés París, da equipe negociadora das Farc.
A maior guerrilha esquerdista da Colômbia e o governo do presidente Juan Manuel Santos começaram em meados de novembro o primeiro diálogo de paz em uma década e apenas discutiram o primeiro tema da agenda, o agrário, sobre o qual as Farc fizeram propostas concretas.
As partes voltarão a se reunir em 31 de janeiro em Havana, após fazer consultas sobre os temas tratados.
O ex-vice-presidente Humberto de la Calle, chefe da delegação governamental, insistiu na necessidade de acelerar o processo, embora tenha reconhecido que havia "aproximações" em torno da necessidade de combater a pobreza no setor rural.
"As conversações avançam num clima de respeito e de diálogo amplo. Há aproximações no objetivo de transformar o campo, embora também subsistam diferenças notáveis", disse De la Calle, lendo um comunicado e sem responder a perguntas.
A equipe nomeada por Santos disse que está "estudando" umas 550 propostas provenientes de organizações sociais colombianas e de mais de 1.300 participantes do Fórum de Política de Desenvolvimento Agrário Integral feito em Bogotá recentemente.
Durante entrevista coletiva, os negociadores das Farc também reconheceram avanços, mas pontos de desacordo com o governo.
"Apesar das aproximações, existem divergências", disse a jornalistas o chefe-negociador da guerrilha, Iván Márquez.
Outro negociador das Farc, Jesús Santrich, também comentou o avanço das conversas. "Nossa opinião é que é um ritmo suave. Vai acelerando." (Reportagem de Rosa Tania Valdés e de Nelson Acosta)