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FAO denuncia situação de fome sem precedentes na África

Apesar da abundância de colheitas em nível mundial, as zonas que sofrem conflitos civis e secas passam por sérias dificuldades para ter acesso a alimentos

Somália: segundo relatório, 37 países requerem ajuda alimentar externa, 28 deles na África (Oli Scarff/Getty Images)

Somália: segundo relatório, 37 países requerem ajuda alimentar externa, 28 deles na África (Oli Scarff/Getty Images)

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AFP

Publicado em 2 de março de 2017 às 15h01.

A ameaça da fome em Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul preocupa a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que calcula que 37 países, 28 deles na África, requeiram ajuda alimentar externa.

"Esta é uma situação sem precedentes. Nunca antes havíamos enfrentado quatro ameaças de fome em vários países simultaneamente", afirmou o diretor-geral adjunto da FAO, Kostas Stamoulis.

"É preciso agir rápido e proporcionar não só ajuda alimentar mas também apoio aos meios de subsistência para assegurar que estas situações não se repitam", alertou.

Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira, a FAO, com sede em Roma, advertiu que, apesar da abundância de colheitas em nível mundial, há graves dificuldades para ter acesso aos alimentos nas zonas que sofrem conflitos civis e secas, como a África Oriental.

Segundo o relatório Perspectivas de colheitas e situação alimentar, "37 países requerem ajuda alimentar externa, 28 deles na África, como consequência dos efeitos persistentes das secas provocadas pelo El Niño no ano passado sobre as colheitas".

Embora se espere uma recuperação da produção agrícola no sul da África, os conflitos prolongados estão aumentando a quantidade de pessoas deslocadas e que passam fome em outras partes do mundo.

No Sudão do Sul, foi declarada formalmente uma situação de fome, "enquanto no norte da Nigéria, Somália e Iêmen, a segurança alimentar também é motivo de grande preocupação", denuncia a entidade das Nações Unidas.

Cerca de 4,9 milhões de pessoas no Sudão do Sul foram classificadas como em situação de crise, emergência ou fome. A previsão é que esse número aumente para 5,5 milhões - quase metade da população do país -, na temporada de escassez de julho.

No norte da Nigéria, apesar do país ter registrado uma colheita de cereais acima da média em 2016, 8,1 milhões de pessoas enfrentam condições de insegurança alimentar aguda.

Essa situação é reflexo dos transtornos causados pelo conflito que afeta o país e pela forte desvalorização da moeda, acrescenta o relatório.

No Iêmen, calcula-se que 17 milhões de pessoas - dois terços da população - padecem com insegurança alimentar, e que quase metade delas necessitam ajuda de emergência.

Na Somália, o conflito, a insegurança civil e a seca juntos fizeram o número de pessoas que padecem com a grave insegurança alimentar dobrar nos últimos seis meses, chegando a cerca de 2,9 milhões.

O relatório aponta, ainda, que os combates e distúrbios civis no Afeganistão, Burundi, República Centro-africana, República Democrática do Congo, Iraque, Myanmar e Síria também estão agravando a insegurança alimentar de milhões de pessoas, e afetando os países vizinhos que abrigam os refugiados.

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