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FAO alerta para risco de nova crise mundial alimentar

Diretor da organização teme o rápido consumo dos estoques de cereais e um salto nos preços de petróleo

Sede da FAO: índice de preços alimentares da ONU de fevereiro subiu pelo 8º mês (Wikimedia Commons)

Sede da FAO: índice de preços alimentares da ONU de fevereiro subiu pelo 8º mês (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 12h46.

Abu Dhabi - O aumento nos preços globais de gêneros alimentícios básicos elevam o risco de que a crise alimentar de 2007-2008 em países em desenvolvimento se repita, disse nesta segunda-feira o presidente da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO na sigla em inglês).

Um salto nos preços do petróleo e o rápido consumo dos estoques globais de cereais poderiam ser um prenúncio da crise de abastecimento, disse o diretor geral da FAO, Jacques Diouf, à Reuters, em entrevista durante uma visita aos Emirados Árabes Unidos.

"A alta dos preços aumentam as preocupações e estamos reduzindo rapidamente os estoques", disse. "Durante anos temos alertado que é preciso maior produtividade e investimento em agricultura." O índice de preços alimentares da ONU de fevereiro aumentou pelo oitavo mês consecutivo, para o maior nível desde, pelo menos, 1990. Todos os grupos de commodities, exceto o açúcar, aumentaram no último mês.

Diouf dizia, até alguns meses atrás, que os estoques globais de cereais estavam em níveis mais saudáveis que os restritos estoques que desencadearam a crise em 2007 e 2008.

Em julho passado, os níveis de estoque estavam em um total de 100 milhões de toneladas acima que os de 2007, mas o rápido crescimento econômico em países em desenvolvimento e um retorno ao crescimento em países altamente industrializados, levaram a novas reduções.

Alguns países no norte da África e no Oriente Médio fizeram grandes compras de grãos para evitar aquele tipo de conflito, em parte estimulada pelos preços dos alimentos, que derrubou os líderes da Tunísia e do Egito.

A Coreia do Sul está buscando construir uma estratégia de reserva de grãos e planeja comprar cargas de milho e outras mercadorias, em esforço similar ao de outra nações asiáticas, preocupadas com os altos preços dos alimentos e com os conflitos sociais.


Em dezembro, o México comprou milhares de toneladas de milho no mercado futuro, para se proteger de altas dos preços de tortillas, que provocou confrontos nas ruas em 2007.

"É algo racional de se fazer, para se proteger", disse Diouf.

O recente aumento dos preços do petróleo, que subiu para cerca de 120 dólares o barril no mês passado, está exacerbando os aumentos nos preços dos alimentos, que podem afetar a habilidade dos países em desenvolvimento de cobrir suas necessidades de importação, disse Diouf. Os preços do petróleo têm impacto nos custos de transporte e insumos agrícolas, incluindo fertilizantes.

Biocombustíveis

A FAO pediu aos países desenvolvidos que reexaminem suas estratégias de biocombustíveis --que incluem amplos subsídios-- uma vez que estes têm desviado 120 milhões de toneladas de cereais de consumo humano para produção de combustível.

"Estamos aconselhando os países membros a revisitarem suas políticas", disse Diouf. "Contar com mais energia renovável não significa que você precisa produzir mais biocombustível." Países desenvolvidos dão 13 bilhões de dólares anualmente em subsídios e proteção, para encorajar a produção de biocombustíveis, disse Diouf. Nos Estados Unidos, os estoques de milho chegaram a mínimas de 15 anos, enquanto maiores parcelas da safra são utilizadas na produção de etanol.

Evitar outra crise alimentar depende dos rendimentos da safra na próxima temporada de colheita, bem como do impacto do crescimento econômico sobre a demanda, segunda Diouf. Porém, ele também afirmou que o aumento do preços dos alimentos e do petróleo podem ter efeito prejudicial no crescimento.

Ainda é cedo para determinar se o recente terremoto e tsunami no Japão, maior importador de grãos do mundo, terá qualquer efeito na oferta global ou na demanda por produtos agrícolas, acrescentou Diouf.

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