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Famílias coreanas se despedem após 1ª reunião em 60 anos

No terceiro e último dia do encontro, realizado em um resort de uma montanha norte-coreana, as famílias tiveram duas horas pela manhã para se despedir

Despedida dos irmãos Yum Jin Bong (Coreia do Norte) e Yum Jin-rye (Coreia do Sul) (Reuters / KOREA POOL)

Despedida dos irmãos Yum Jin Bong (Coreia do Norte) e Yum Jin-rye (Coreia do Sul) (Reuters / KOREA POOL)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2015 às 10h31.

Famílias norte-coreanas e sul-coreanas separadas pela guerra há mais de 60 anos deram nesta quinta-feira um amargo adeus, depois de se encontrarem durante três dias, que, para a maioria delas, terá sido a última oportunidade de se verem.

No terceiro e último dia do encontro, realizado em um resort de uma montanha norte-coreana, as famílias tiveram duas horas pela manhã para se despedir.

Durante os três dias, a interação foi muito controlada, limitada a seis sessões, cada uma delas de duas horas, algumas em um salão, diante das câmeras, e outras de forma privada.

"Teria sido maravilhoso se pudéssemos ter falado e dormido no mesmo quarto, em vez de nos reunirmos de forma interrompida", disse Han Sun-Kyu, de 70 anos, que conseguiu ver sua tia norte-coreana.

"Gostaria que pudéssemos ter comido como uma família normal, e não no grande salão, com todos os outros", acrescentou.

Na última sessão, nesta quinta-feira, alguns dos participantes passaram o tempo ficando juntos, simplesmente. Outros davam as mãos e secavam as lágrimas, sentados nas mesas de um grande salão do resort, no Monte Kumgang.

Uma idosa norte-coreana quis demonstrar seu humor, desafiando quem quisesse a uma queda de braço, para demonstrar sua força física.

Para os cerca de 400 sul-coreanos e seus 140 parentes que participaram do encontro, as 12 horas que passaram no total foram terrivelmente curtas após seis décadas de separação, devido à guerra da Coreia (1950-1953) que dividiu a península em dois.

Presentes e dinheiro

No jantar realizado no salão do resort na quarta-feira, Lee Jeong-Sook, de 68 anos, pediu ao seu pai norte-coreano, Ri Hong-Jong, de 88, que cantasse uma música para que pudesse se lembrar de sua voz.

O idoso cantou uma música popular sobre o rio que passava por sua cidade natal, no Sul, fazendo os demais presentes chorarem.

Apesar da rigidez do encontro, os participantes tiveram sorte, já que foram selecionados a partir de uma lista de dezenas de milhares de pessoas, que aguardam sua vez.

Na guerra da Coreia, milhares de pessoas foram deslocadas, e no caos do conflito famílias inteiras - pais e filhos, maridos e esposas, irmãos e irmãs - foram separados.

Atualmente, mais de 65.000 sul-coreanos estão na lista de espera, com a esperança de poder viajar algum dia ao Norte, onde toda comunicação direta está cortada, seja em forma de cartas ou telefonemas.

O programa de reencontros familiares começou após uma cúpula bilateral histórica no ano 2000. A ideia original era organizar um encontro por ano, mas devido aos diversos episódios de tensão entre as duas partes muitas reuniões foram canceladas, algumas no último minuto.

Devido ao abismo econômico existente entre as duas Coreias, as famílias do Sul levaram muitos presentes, roupas, relógios, medicamentos, alimentos e em muitos casos milhares de dólares em dinheiro.

As autoridades sul-coreanas avisaram antecipadamente que o governo comunista norte-coreano se apropriaria de uma parte substancial deste dinheiro.

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