Pessoas choram em um memorial improvisado em frente ao Crocus City Hall, um dia depois de um ataque armado em Krasnogorsk, nos arredores de Moscou, em 23 de março de 2024. (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 23 de março de 2024 às 12h29.
"Medo" e "desespero total": o choque após o ataque mortal de sexta-feira a uma sala de concertos em Moscou transformou-se em uma noite de espera agonizante para as famílias das vítimas, sem notícias sobre os seus entes queridos.
Na noite de sexta-feira, centenas de fãs reuniram-se para assistir a um show do grupo de rock Piknik, mas minutos antes do início do espetáculo, indivíduos armados entraram na sala e desencadearam o caos.
Pelo menos 115 pessoas morreram, de acordo com o último balanço provisório do Comitê de Investigação Russo.
"Estou completamente apavorado, sinto que todo o meu corpo dói", lamentou Semion Khraptsov, cuja esposa estava no show e lhe telefonou no momento do ataque, sem que ele conseguisse compreender o que ela dizia.
"Vim assim que soube o que aconteceu", acrescentou o homem de 33 anos, que admitiu sentir-se impotente. "Não sei o que fazer, é um desespero total".
Pouco antes, vídeos publicados em canais do Telegram considerados próximos às forças de segurança mostravam pelo menos dois homens armados avançando em direção à sala e outros vídeos mostravam corpos e pessoas correndo em direção à saída.
Igor Bogodaiev, de 30 anos, também esperava um sinal de vida da esposa, cujo telefone está desligado.
"Estou com medo", declarou ele. "Não sei o que fazer", acrescentou, dizendo que os seus amigos tentaram em vão obter informações sobre a sua esposa nos hospitais.
O Kremlin anunciou neste sábado que prendeu 11 pessoas, incluindo quatro agressores vinculados ao ataque, reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico.
O ataque ocorreu no Crocus City Hall, localizado em Krasnogorsk, na saída noroeste de Moscou. O local abriga uma das principais casas de show de Moscou.
"Pouco antes do início do show, de repente ouvimos várias rajadas de metralhadora e o grito terrível de uma mulher. E depois muitos gritos", disse à AFP Alexei, produtor musical que estava nos camarins no momento do ataque.
"Apenas três ou quatro rajadas no início, depois mais algumas", acrescentou.
Dos camarins observou o pânico dos espectadores. "As pessoas corriam para o palco, um movimento terrível da multidão".
Junto com outras pessoas no local, ele se "entrincheirou" antes de procurar uma maneira de sair rapidamente. No caminho ele diz ter visto "fumaça e cinzas" em uma das salas, antes de chegar à saída.
Na manhã deste sábado, os bombeiros haviam controlado quase completamente o grande incêndio que eclodiu após o ataque, segundo as autoridades.A Comissão de Investigação indicou que os supostos agressores usaram "líquido inflamável" para incendiar o edifício.
No terreno, um jornalista da AFP viu vários policiais patrulhando a área e inúmeros veículos dos serviços de emergência, cujas luzes iluminavam a noite.
Entretanto, os trabalhos continuaram na manhã deste sábado para "resgatar pessoas do telhado do edifício", indicou o Ministério de Situações de Emergência, depois de anunciar que uma centena de pessoas foram retiradas do porão do local.
O grupo EI assumiu a responsabilidade pelo ataque na noite de sexta-feira. Não é a primeira vez que o movimento jihadista ataca a Rússia.
Unidades da Guarda Nacional russa "estão procurando os criminosos", segundo as autoridades.