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Família de Mao Tsé-tung também é citada nos Panama Papers

O marido de uma das netas de Mao, era dono da Keen Best International Limited, uma firma com sede no arquipélago caribenho


	Mao Tsé-Tung: família do fundador da República Popular da China abriram empresas no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas
 (Reuters)

Mao Tsé-Tung: família do fundador da República Popular da China abriram empresas no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2016 às 08h48.

Pequim - Parentes de Mao Tsé-tung, fundador da República Popular da China, abriram empresas no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, segundo a última atualização do escândalo "Panama Papers" publicados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).

Segundo as informações, Chen Dongsheng, o marido de uma das netas de Mao, era dono da Keen Best International Limited, uma firma com sede no arquipélago caribenho.

A filtragem revelou que 29% das 16,3 mil companhias internacionais para as quais o escritório panamenho Mossack Fonseca trabalhou até 2015 procedem da China e Hong Kong, cidade esta última com a maior atividade na Ásia do grupo advogados.

Como em boa parte das centenas de casos denunciados pelos documentos do Mossack Fonseca sobre sociedades criadas em paraísos fiscais, que afetam personalidades de todo o mundo, a firma da família de Mao não é ilegal, embora suspeita-se que pôde ter sido usada para lavagem de dinheiro e evasão de impostos.

As novas informações concernentes à China também envolvem o antigo secretário-geral do Partido Comunista Hu Yaobang, um dos principais líderes do regime nos 80, cujo filho Hu Dehua foi acionista, diretor e beneficiado da Fortalent International Holdings, também nas Ilhas Virgens Britânicas.

Hu registrou em 2003 a firma e usou o domicílio familiar, uma casa tradicional de Pequim na qual também viveu seu pai na época em que era líder do PCCh.

A morte de Hu Yaobang, um dirigente de tintura reformista, no final dos anos 80 foi o desencadeante dos protestos estudantis de Praça da Paz Celestial, reprimidos pelo Exército chinês na noite de 3 e madrugada de 4 de junho de 1989 com um massacre cujo número de vítimas continua sendo desconhecido, embora tenham sido várias centenas.

Anteriormente a estas filtragens, os "Panama Papers" tinham revelado turvos negócios nas Ilhas Virgens Britânicas do entorno de outros sete políticos chineses, entre eles o atual presidente, Xi Jinping, cujo cunhado tinha duas empresas na ilhas caribenhas.

Outras personalidades chinesas envolvidas, segundo os documentos, são o ex-primeiro-ministro Li Peng, o ex-ministro de Comércio Bo Xilai (preso por corrupção em seu país), o ex-presidente do Poder Consultivo Jia Qinglin e o ex-vice-presidente Zeng Qinghong.

Além disso, outros dois altos cargos nomeados, Zhang Gaoli e Liu Yunshan, são membros do atual Comitê Permanente do Partido Comunista da China, o grande núcleo de poder do regime e formado por apenas sete pessoas.

As informações sobre os "Panama Papers" foram censuradas nos veículos de imprensa chineses e muitos comentários sobre o assunto foram apagados em redes sociais do país, enquanto o Ministério das Relações Exteriores chinês rotulou as acusações contra os líderes comunistas de "infundadas".

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