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Falta de controle sobre assassino entra na campanha francesa

Enquanto o governo defende o trabalho feito pelos serviços secretos, a oposição critica a falta de eficácia em controlar o assassino

Merah, morto na quinta-feira pela Polícia em seu apartamento de Toulouse, contou aos negociadores que tinha se formado com a Al Qaeda (AFP)

Merah, morto na quinta-feira pela Polícia em seu apartamento de Toulouse, contou aos negociadores que tinha se formado com a Al Qaeda (AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2012 às 10h44.

Paris - A falta de eficácia no controle a que estava submetido pelos serviços secretos o assassino confesso de Toulouse e Montauban, Mohammed Merah, entrou totalmente na campanha eleitoral francesa com justificativas do trabalho feito pelo governo e críticas da oposição.

O primeiro-ministro, François Fillon, insistiu na emissora 'RTL' de que 'não havia nenhum elemento que permitisse prender Mohammed Merah' antes que ele cometesse os assassinatos dos últimos dias no sul do país porque a legislação não permite 'vigiar de forma permanente sem sentença judicial alguém que não cometeu um delito'.

'Vivemos em um Estado de direito', e a Direção Central de Investigação Interior (DCRI, os serviços secretos) 'fez perfeitamente seu trabalho' porque tinha identificado o suspeito por saber que ele tinha estado no Afeganistão e no Paquistão em 2010 e 2011.

Além disso, o DCRI o interrogou e vigiou para chegar à conclusão de que não havia 'nenhum indício' que fizesse pensar que 'era um homem perigoso e que um dia passaria à ação'.

Este jovem francês de origem argelina de 23 anos, morto na quinta-feira pela Polícia em seu apartamento de Toulouse, contou aos negociadores durante o cerco que durou mais de 32 horas que tinha se formado na região fronteiriça entre Paquistão e Afeganistão com a Al Qaeda, que lhe encarregou de realizar atentados na França.

Fillon afirmou que 'é muito difícil' avaliar a magnitude do problema dos jovens que viajam para certos países para seu doutrinamento e treinamento terrorista 'porque há milhares de pessoas que fazem deslocamentos a essas regiões por motivos religiosos' e estimou seu número em 'várias centenas'.

Em qualquer caso, ele revelou que Merah figurava em uma lista francesa como a do FBI americano, na qual tinha sido incluído em 2010 para impedir, como um suposto terrorista, que pudesse tomar um voo com origem ou destino aos Estados Unidos.

O primeiro-ministro respondeu desta forma em particular ao candidato socialista às eleições presidenciais, François Hollande, que em um comício na quinta-feira falou em uma 'falha' no acompanhamento de Merah, e que 'há questões que necessariamente deverão ser explicadas'.


'É verdade que esse assassino, Merah, fez duas viagens, uma ao Afeganistão em 2010, e outra ao Paquistão em 2011. Ele alegou motivos turísticos. Deve ser imposto, portanto, um maior controle dos deslocamentos a países sensíveis', disse Hollande.

Mais taxativa, a candidata ecologista, Eva Joly, afirmou nesta sexta-feira que houve 'um problema de eficácia' no acompanhamento do assassino de Toulouse, que 'era conhecido pelos serviços secretos' e a que 'poderia ter sido detido' antes dos massacres deste mês.

Joly, em entrevista à emissora de rádio 'France Info', criticou a manobra do presidente francês, Nicolas Sarkozy, candidato à reeleição, que propôs reformas no Código Penal para reprimir a consulta de páginas na internet que façam apologia ao terrorismo ou violência e também aos locais no exterior para o doutrinamento ou treinamento terrorista.

A candidata ecologista, que antes de entrar na política era juíza de instrutores, insistiu que 'não é um problema de textos, é um problema de eficácia' e reiterou que 'seria possível justificar a detenção' de Merah por posse de armas, participação em atos de proselitismo terrorista e por suas viagens ao Paquistão e Afeganistão.

O responsável da DCRI, Bernard Squarcini, considerou que seus serviços trabalharam corretamente e que não era possível suspeitar da periculosidade real deste homem porque ele 'tinha duas caras' e era um caso 'atípico' dentro do extremismo islâmico, além da peculiaridade de suas ações solitárias.

O caso de Merah - explicou Squarcini em entrevista publicada pelo 'Le Monde' - 'é mais um problema médico e de fanatismo que de um simples perfil 'jihadista'' já que não tinha 'os atributos exteriores do fundamentalista', mas era conhecido em particular por delitos comuns, que lhe permitiram reunir dinheiro e armas.

A investigação dos massacres que ele cometeu continua com o prolongamento da detenção de seu irmão Abdelkader, também fichado pelos serviços secretos por fundamentalismo e de quem foram retirados explosivos do carro, além da esposa deste e de sua mãe. 

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