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Falta de água em Cuba: mais de um milhão de pessoas sem abastecimento

Crise econômica em Cuba atinge novo ápice com a escassez de água, agravando as condições de vida da população

Escassez de água em Cuba: moradores enfrentam dias sem abastecimento em várias regiões do país

Escassez de água em Cuba: moradores enfrentam dias sem abastecimento em várias regiões do país

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Agência de notícias

Publicado em 27 de setembro de 2024 às 16h17.

Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 16h46.

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duas semanas, Lorenzo Islem não recebe uma gota de água em sua casa, em Havana, Cuba, e precisa buscá-la de longe. Em meio à crise econômica, marcada pela escassez, a falta de água é um golpe duro para os cubanos. "Se não faço isso, faço o quê? Morro de sede ou de fome", diz o aposentado.

Islem vive há 10 anos em Punta Brava, a 25 km do centro da cidade, e "nunca" havia passado por "nada igual. O problema de água é crítico, estamos 15 ou 20 dias sem água", explica. "Depois ainda faço outra viagem porque esta água é para beber e tomar banho", acrescenta.

Milhões de cubanos sem água

Pelas ruas de Punta Brava, pessoas carregam água em carrinhos, bicicletas e até carrinhos puxados por cavalos. Na ilha, que tem uma população de menos de 10 milhões de habitantes, mais de um milhão de pessoas não estão recebendo água em suas casas, explicou na televisão estatal o presidente do Instituto Nacional de Recursos Hidráulicos, Antonio Rodríguez.

"Temos afetados em todas as províncias", disse o funcionário. Ele destacou que, em Havana, os municípios com maior escassez são os três da região oeste da cidade, incluindo La Lisa, onde Islem mora com sua esposa.

Gravidade da crise

Em uma ilha com um salário médio de 5 mil pesos, o preço ilegal do líquido em caminhão tanque é de cerca de 25 mil pesos - AFP

 

Com escassez de alimentos, remédios, combustível e constantes apagões, Cuba está atolada em sua pior crise econômica em três décadas devido ao endurecimento do embargo dos EUA, em vigor desde 1962, mas também às fraquezas estruturais de sua economia planejada.

Rodríguez conta que a escassez de água ocorre devido à falta de "equipamentos de bombeamento, falta de energia e interrupções nas redes de fornecimento".

Em Alturas de La Lisa, a dona de casa Saray López, de 49 anos, está "há mais de um mês sem água" e está desesperada. "Com tantos problemas que temos, isso é a cereja do bolo. Já é demais”, ela reclama.

Em uma carroça puxada por cavalos, um amigo lhe trouxe dois tanques de 200 litros de água cada um, mas Lopez calcula que, mesmo "economizando o máximo possível", terá "o suficiente para dois dias", pois há sete adultos e duas crianças na casa.

De acordo com o Instituto Nacional de Recursos Hidráulicos, entre 2023 e 2024, Cuba importou mais de 1.200 equipamentos de bombeamento, dos quais 866 funcionam com energia solar fotovoltaica, como parte de uma estratégia para mudar a matriz energética nesse setor.

O impacto da falta de combustível

Também estão sendo realizados trabalhos para substituir as redes de abastecimento danificadas. De acordo com números oficiais, em 2018, 50% da água bombeada na ilha foi perdida por vazamentos.

A escassez de combustível enfrentada por Cuba desencadeia vários problemas. O combustível é insuficiente para alimentar as usinas hidrelétricas que geram a eletricidade necessária para as bombas de distribuição de água e para mobilizar os caminhões-pipa que abastecem cerca de 300 mil pessoas na ilha, de acordo com dados oficiais.

López conta que, há alguns dias, tentaram lhe vender "à esquerda" água de um pequeno caminhão-tanque por 4 mil pesos, quando esse serviço estatal é gratuito em Cuba.

Em uma ilha com um salário médio de 5 mil pesos, o preço ilegal do líquido em tal caminhão é de cerca de 25 mil pesos. Muitas vezes, as pessoas se reúnem para adquirir o valioso recurso.

Quando os vizinhos avistam um caminhão-tanque — ou pipa, como eles o chamam — saem correndo de suas casas, com baldes, galões e até panelas na mão. Mas, às vezes, passam-se dias sem que um deles apareça.

"Nunca enviaram um tubo para cá", reclama Luis Imbert, 59 anos, funcionário de uma policlínica em La Lisa. "Não há pipa, não há resposta oficial", diz ele, muito irritado.

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