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Falta de acordo agrava crise nos EUA

Enquanto esperavam o anúncio oficial do supercomitê, a Casa Branca e os líderes republicanos se digladiavam diante da imprensa

O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, culpou Obama e os democratas pela falta de acordo (Getty Images)

O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, culpou Obama e os democratas pela falta de acordo (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2011 às 06h19.

Washington - O fracasso do Congresso dos Estados Unidos em chegar a um acordo sobre a redução da dívida pública provocou ontem nova onda negativa no mercado financeiro e bate-boca entre as forças políticas antagonistas do país. Os membros de um comitê bipartidário responsável por detalhar o corte de US$ 1,2 trilhão na dívida federal dos EUA até 2022 se preparavam na tarde de ontem para anunciar o colapso das negociações.

O fiasco desse acerto não tende a provocar danos contábeis na meta de reduzir US$ 2,2 trilhões da dívida federal americana, hoje em mais de US$ 15 trilhões. As regras do acordo fiscal extraído a duras penas por democratas e republicanos em agosto assado definiram o corte de US$ 1 trilhão nas despesas correntes, já em curso. Também previram um gatilho, para o caso de o supercomitê não obter um consenso sobre a redução do valor restante. Entre 2013 e 2022, haverá um corte automático de US$ 1,2 trilhão nas despesas com defesa e com infraestrutura e educação.

A ausência de acordo no Congresso, porém, disparou um sinal perturbador sobre a incapacidade de democratas e republicanos aproximarem posições em um momento crítico na economia. Com o passivo em cerca de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), os EUA enfrentam baixo crescimento e alto desemprego.

Contagiados pelo ambiente eleitoral de 2012, os partidos deram outras mostras de desacerto. No supercomitê, republicanos propuseram corte de US$ 776 bilhões nas despesas do governo e aumento de US$ 401 bilhões via reforma tributária, e não aumento de taxas. Os democratas rejeitaram a proposta, pois exigiam o fim antecipado dos benefícios fiscais aos contribuintes mais ricos, a ser extinto em dezembro de 2012.

Nas últimas semanas, os congressistas republicanos têm barrado as principais medidas do plano de estímulo da Casa Branca, cujo custo fiscal seria de US$ 447 bilhões. Segundo Thomas Mann, analista sênior do Brookings Institution, o presidente Barack Obama tem pouca margem para decidir por decreto. "Mas, como (o ex-presidente Bill) Clinton o aconselhou, Obama deve fazer tudo o que puder."

Enquanto esperavam o anúncio oficial do supercomitê, a Casa Branca e os líderes republicanos se digladiavam pela imprensa. Em comunicado, o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, culpou Obama e os democratas pela falta de acordo. Em especial, por terem "insistido no aumento dramático de impostos para os americanos criadores de empregos" e adicionado à discussão o pacote de estímulo. "Em vez de apontar o dedo e culpar os outros, o Congresso deve agir e completar sua responsabilidade", rebate o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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