Uma policial isola a entrada de uma das estações de trem de Oslo: "parece-me normal que a polícia esteja atenta. Não estamos assustados" (AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2011 às 11h13.
Oslo - Uma estação ferroviária da Noruega foi evacuada nesta quarta-feira em consequência de um falso alerta de bomba, enquanto os serviços de segurança mantêm as investigações dos atentados que deixaram 76 mortos na sexta-feira para descobrir se foram cometidos por uma única pessoa, Anders Behring Breivik, ou se ele teve ajuda de outros ultradireitistas.
A estação central ferroviária de Oslo foi parcialmente evacuada na manhã desta quarta-feira devido a uma valise suspeita deixada num ônibus estacionado na zona. Duas horas mais tarde, depois que o veículo foi inspecionado com cachorros farejadores, o alerta foi suspenso.
"Não encontramos nada suspeito", informou um porta-voz da polícia.
"Parece-me normal que a polícia esteja atenta. Não estamos assustados, mas temos cuidado", afirmou uma médica, Randi Roe, à AFP, enquanto esperava junto com outras 200 pessoas que o cordão de isolamento fosse levantado.
Além disso, os meios de comunicação difundiram a foto de um homem que classificaram de instável, perigoso e supostamente vinculado a Anders Behring Breivik, que afirmou ser o autor dos atentados de sexta.
"Ele não tem qualquer relação com os ataques de sexta", desmentiu posteriormente o porta-voz da polícia, Thomas Omholdt. "É psicologicamente instável, e só falou o nome de Anders Behring Breivik depois de ouvi-lo na imprensa", explicou.
O chefe dos serviços de inteligência noruegueses indicou à BBC que não tem provas de que o suposto autor dos atentados tenha tido cúmplices ou vínculos com "células" na Europa.
O governo norueguês também saiu na terça-feira em defesa da polícia, depois das críticas dos sobreviventes da matança na ilha de Utoya, que questionavam por que as forças de segurança demoraram 90 minutos para prender Breivik.
Segundo o ministro da Justiça Knut Storberget, a polícia norueguesa cumpriu muito bem sua missão,
Às críticas sobre a lentidão da polícia se acrescenta a suposta negligência das autoridades, que não levaram em consideração as informações relativas ao suspeito obtidas em março passado. De fato, Anders Behring Breivik estava em uma lista de 60 pessoas que compraram na Polônia produtos químicos usados na fabricação de explosivos.
Segundo o ministro, é importante manter "um enfoque aberto e crítico sobre a maneira que reagiram todos os componentes da sociedade". Mas, ao visitar alguns policiais, disse que eles cumpriram muito bem sua missão e elogiou seu "trabalho fantástico".
No entanto, admitiu o erro da polícia ao não prestar mais atenção à ameaça da extrema-direita.
O especialista em questões de inteligência, Shashank Joshi, do Royal United Services Institute de Londres, explicou à AFP que "os escassos recursos" dedicados a seguir à extrema-direita se unem à falta geral de preparação na Europa para enfrentar ataques com armas de fogo. Segundo ele, os esforços estão concentrados em prevenir os atentados com bomba.
Durante sua audiência a portas fechadas na segunda-feira, Breivik explicou que, com seus sangrentos ataques, quis enviar "um sinal forte" ao governo de esquerda norueguês para que pare de "destruir a cultura nórdica e a importação maciça de muçulmanos".