Presidente americano, Donald Trump: ele utilizou o exemplo dos ataques jihadistas de Paris em novembro de 2015 para defender a sua posição a favor da liberdade de portar armas (Kevin Lamarque/Reuters)
EFE
Publicado em 5 de maio de 2018 às 12h02.
Paris - O ex-presidente francês François Hollande considerou neste sábado "vergonhosas" as declarações nas quais o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, utilizou o exemplo dos ataques jihadistas de Paris em novembro de 2015 para defender a sua posição a favor da liberdade de portar armas.
"As palavras vergonhosas e as gesticulações obscenas de Donald Trump dizem muito sobre o que ele pensa da França e dos seus valores. A amizade entre os dois povos não ficará manchada pela falta de respeito e pela desmesura", escreveu o francês em sua conta no Twitter.
Hollande era chefe de Estado da França quando ocorreram os atentados na noite de 13 de novembro de 2015, que deixaram 130 mortos e centenas de feridos.
Trump discursou na sexta-feira na convenção anual da Associação Nacional do Rifle dos EUA (NRA, na sigla em inglês), na qual reforçou a defesa das armas como "um direito de liberdade".
O presidente americano se referiu ao massacre da casa de shows Bataclan, disse que a França é um dos países com a legislação mais restritiva para portar armas e afirmou que "se alguém nessa sala tivesse uma arma teria sido outra história".
"Ninguém tem armas de fogo em Paris, ninguém. (Os mortos daquela noite) foram brutalmente assassinados por um grupo de terroristas que portavam armas", comentou o republicano.
Para dar mais realismo ao relato, Trump simulou a ação dos jihadistas no Bataclan contando que "executaram um por um".
"Venham aqui. Boom. Venham aqui. Os sobreviventes disseram que durou uma eternidade. Mas se um funcionário ou alguém nessa casa tivesse uma arma, os terroristas teriam fugido ou morrido", opinou.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, declarou no Twitter que "a encenação dos atentados de 2015 pelo presidente Trump é depreciativa e indigna". EFE