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Facebook: o dedo no gatilho das revoltas árabes

Rede social teve papel importante na mobilização dos egípcios para derrubar o regime do ditador Hosni Mubarak

Facebook ajudou a reunir milhares de pessoas em poucos dias para os protestos na praça Tahrir (Getty Images)

Facebook ajudou a reunir milhares de pessoas em poucos dias para os protestos na praça Tahrir (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2012 às 11h37.

São Paulo – Piadinhas, memes e músicas pegajosas à parte, em 2011 o Facebook, que caminha para realizar sua abertura de capital, mostrou que é uma ferramenta muito mais poderosa do que sua aparência sugere à primeira vista. O potencial de mobilização da rede social foi um importante gatilho para que as revoluções nos países árabes ganhassem força atingissem as proporções que o mundo testemunhou.

A chamada Primavera Árabe, que se espalhou por diversos países, começou na Tunísia, após a auto-imolação de um jovem em protesto contra a corrupção do governo. A revolta desencadeada por este ato derrubou o então presidente do país, Zine El Abidine Ben Ali. O movimento despertou a atenção do mundo árabe e nova revolução explodiu no Egito.

O caso do país é emblemático no que diz respeito ao uso do Facebook. Uma geração inteira de egípcios, inconformada com o sofrimento em silêncio que predominou no país durante décadas, encontrou na criação de Mark Zuckerberg o canal ideal para amplificar sua insatisfação com o regime comandado pelo ditador Hosni Mubarak.

Protestos que reuniram milhares de pessoas na praça Tahrir, no Cairo, em janeiro do ano passado, foram organizados em poucos dias com a ajuda da ferramenta, graças à rapidez com que os manifestantes conseguiam trocar informações via Facebook.

Diversos grupos se articularam na rede, engajados na luta para tirar a junta militar do poder no Egito. Dentre eles, um dos mais notórios foi o Movimento 6 de Abril. Liderado por jovens e falando a língua dos jovens, o movimento começou em 2008, quando organizou um protesto pacífico em defesa de trabalhadores da indústria têxtil.

A mobilização, que aconteceu no dia que dá nome ao grupo, foi articulada via Facebook. Forças do então presidente Mubarak entraram em choque com os participantes do protesto e 500 pessoas foram detidas.

Em janeiro de 2011, os líderes do 6 de Abril chamaram os Egípcios às ruas pela primeira vez depois do início das revoltas no mundo árabe. O resultado é conhecido. Depois de um mês de intensos protestos e conflitos, o presidente egípcio renunciou.

Um ano depois, a página do grupo continua sendo um importante canal de comunicação entre os insatisfeitos com a junta militar provisória que comanda o país até a conclusão da transição para o regime democrático. No começo de janeiro de 2012, o Movimento 6 de Abril postou um novo manifesto em sua página do Facebook, deixando claro que sua atuação está longe de acabar.

"O governo insiste em envolver o exército na política. Eles esquecem que os egípcios fizeram a revolução contra a opressão e corrupção e não vão mais aceitar viver como escravos, nem ficar em silêncio. Decidimos voltar às ruas para exigir que o conselho militar deixe o poder, e que um novo parlamento seja eleito”, dizia o texto.

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