Confrontos: em Milão, houve confrontos entre as forças de segurança e militantes da esquerda radical (Massimo Pinca/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 16h18.
A Itália organizava neste sábado várias manifestações políticas, cheias de tensão em alguns casos, uma semana antes das eleições legislativas de 4 de março, com uma passeata de Matteo Salvani (extrema direita) em Milão e milhares de manifestantes antifascistas em Roma.
Paralelamente, outros grupos de direita convocaram manifestações em diferentes cidades do país, com confrontos entre as forças de segurança e contra-manifestantes da esquerda radical.
Salvani chegou à praça da catedral de Milão com sua filha de cinco anos em seus braços para explicar seu programa em um discurso.
Aliado dos conservadores de Silvio Berlusconi para as legislativas, o líder do partido La Liga aspira a ser o primeiro dentro desta coalizão, que lidera as pesquisas, e assim se tornar o chefe do governo.
"Os italianos primeiro", ressaltou nesta sábado, atacando a imigração e Matteo Renzi, líder de lista de centro-esquerda para as eleições.
Salvani prometeu prioridade "aos idosos forçados a procurar comida entre as caixas jogadas pelos supermercados", aos trabalhadores vítimas da deslocalização e pequenos comerciantes.
"Salvani representa a mudança para a Itália. É um momento muito importante", explicou Diego Bazzano, militante de 30 anos de Carcare, Ligúria (noroeste).
Enquanto isso, em Roma, milhares de pessoas manifestavam pacificamente para denunciar o fascismo, em um protesto convocado depois que um militante do La Liga feriu a tiros seis africanos em Macerata (centro), em represália a um assassinato imputado a nigerianos.
"Estamos aqui para dizer não ao fascismo, porque há muitos episódios nocivos neste momento, isso não deveria acontecer novamente", disse à AFP Rita Solo, de 50 anos, afiliada ao sindicato CGIL da Sardenha.
"Os partidos nacionalistas fazem reaparecer os valores fascistas, o medo ao diferente retorna. Nós, os jovens, não podemos ceder a esse medo, senão voltaremos 100 anos atrás", acrescentou Marta Zambon, uma educadora milanesa de 27 anos.
O chefe de governo, Paolo Gentiloni, e Matteo Renzi participaram brevemente da manifestação, que aconteceu sem incidentes.
Por outro lado, outras passeatas tiveram altercações. Em Milão, houve confrontos entre as forças de segurança e militantes da esquerda radical que denunciavam as marchas de Fratelli d'Italia (nacionalista conservador) pela manhã e CasaPound (neofascista) à tarde.
Cerca de dez dias atrás, policiais e manifestantes ficaram feridos em vários incidentes desse tipo, em Bolonha e Turim.
Em Roma, em uma manifestação contra a liberalização do mercado de trabalho orquestrada por Renzi, manifestantes jogaram fogos de artifício contra as forças de ordem.
E em Palermo (Sicília) reinava uma atmosfera tensa antes da manifestação programada para 15h00 do grupo neofascista Forza Nuova, contra a agressão de um líder local do movimento, que os homens mascarados deram uma surra na terça-feira.