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Extrema-direita britânica consolida ascensão e tira cadeira de trabalhistas

Os trabalhistas britânicos, de centro-esquerda, perderam um assento no Parlamento em uma circunscrição do noroeste da Inglaterra, em benefício do partido de Nigel Farage

Nigel Farage: antigo defensor do Brexit no Reino Unido, político é o líder do partido  Reform UK (Oli SCARFF /AFP)

Nigel Farage: antigo defensor do Brexit no Reino Unido, político é o líder do partido Reform UK (Oli SCARFF /AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 2 de maio de 2025 às 14h28.

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O partido britânico de extrema-direita, Reform UK, se impôs nesta sexta-feira, 2 de maio, em uma eleição legislativa parcial na Inglaterra e ganhou terreno em diversas eleições locais se sobrepondo aos trabalhistas, que enfrentaram seu primeiro teste após chegar ao poder em julho, e aos conservadores.

Os trabalhistas britânicos (centro-esquerda) perderam um assento no Parlamento em uma circunscrição do noroeste da Inglaterra, em benefício do Reform UK.

A vitória e o assento na circunscrição de Runcorn e Helsby "demonstram que agora somos o partido de oposição ao governo trabalhista" do primeiro-ministro Keir Starmer, escreveu Nigel Farage, líder do Reform UK no X.

"É um momento muito, muito importante para o partido", acrescentou Nigel Farage, um dos maiores entusiastas do Brexit, que fez uma campanha centrada na luta contra a imigração irregular.

O premiê classificou a derrota de seu partido como "decepcionante", embora tenha reafirmado sua determinação de ir "mais longe e mais rápido" nas reformas.

O triunfo confirma a ascensão do Reform UK e da extrema direita, além de uma fragmentação do panorama político no Reino Unido, antes das próximas eleições parlamentares, em 2029.

Além do assento parlamentar de Runcorn e Helsby, estavam em jogo nessas eleições um total de 1.641 postos em conselhos municipais e de condados, assim como seis prefeituras.

Segundo os primeiros resultados, o Reform UK também ganhou pela primeira vez três conselhos de condado, assim como um cargo de prefeito.

Os trabalhistas, por sua vez, obtiveram três prefeituras das seis submetidas à votação, enquanto os conservadores venceram uma.

Vitória por seis votos

A candidata da legenda, Sarah Pochin, venceu o pleito de quinta-feira em Runcorn e Helsby por seis votos a mais que a candidata trabalhista Karen Shore.

Após esta vitória, o partido de extrema-direita tem cinco assentos, dos 650 do Parlamento, depois do seu avanço histórico nas legislativas de julho de 2024.

Segundo as pesquisas, antes dessas eleições, os cidadãos manifestavam preocupações relacionadas a um fraco crescimento econômico, os números da migração irregular e os serviços públicos em crise.

A eleição legislativa parcial nestas localidades ocorreu após a renúncia do deputado trabalhista Mike Amesbury, condenado por agredir um homem durante uma briga noturna.

O Partido Trabalhista havia vencido nesse distrito eleitoral em julho com 53%, bem à frente do Reform UK, que obteve 18%.

Nas eleições gerais de julho de 2024, os trabalhistas obtiveram uma maioria parlamentar esmagadora em julho, com 412 cadeiras de um total de 650, apesar de terem obtido 33,7% dos votos. Isso se deu porque o sistema eleitoral britânico favorece os grandes partidos.

Os conservadores, por sua vez, registraram 24% dos votos e 121 assentos, a pior derrota eleitoral de sua história.

O Reform UK conquistou cinco cadeiras nas legislativas de julho, que foram reduzidas a quatro após a expulsão de um de seus parlamentares, um resultado inédito para um partido de extrema direita no Reino Unido.

Crise de trabalhistas e conservadores

Agora, os trabalhistas estão vivendo um retorno ao poder complexo, após 14 anos na oposição.

Starmer não conseguiu reacender a economia e seu governo foi duramente criticado por ter eliminado alguns benefícios sociais.

As eleições também são um teste para Kemi Badenoch, que assumiu a liderança do partido conservador no final do ano passado, enfraquecido após seu fracasso no pleito legislativo.

"A renovação de nosso partido apenas acaba de começar", se defendeu Badenoch nesta sexta.

Com 26% dos votos em nível nacional, o Reform UK supera os trabalhistas (23%) e os conservadores (20%), de acordo com uma pesquisa do YouGov publicada na terça-feira.

"É uma tendência semelhante à que se vê na Europa Ocidental, onde os grandes partidos estão perdendo votos. E a política se torna muito, muito fragmentada", disse à AFP Anand Menon, professor de política europeia do King's College de Londres.

Christopher Davies, um aposentado de 67 anos de Runcorn, votou no Partido Trabalhista durante toda a sua vida, mas desta vez escolheu o Reform UK, contando à AFP sua "insatisfação" com Starmer.

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