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Extrema: cidade pioneira no pagamento por serviços ambientais

Paulo Henrique Pereira, secretário do Meio Ambiente do município mineiro, compartilha a experiência de pagar aos agricultores para manter a floresta em pé

Paulo Henrique Pereira, secretário do Meio AMbiente de Extrema, no EXAME Fórum Sustentabilidade (Egberto Nogueira/imafortogaleria)

Paulo Henrique Pereira, secretário do Meio AMbiente de Extrema, no EXAME Fórum Sustentabilidade (Egberto Nogueira/imafortogaleria)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 1 de novembro de 2011 às 21h09.

São Paulo – A degradação ambiental era o cenário predominante na cidade mineira de Extrema há 20 anos. O principal vilão aí era a pecuária leiteria. Para piorar o quadro, boa parte dos mananciais de água que hoje abastecem a região estavam dentro das propriedades rurais de quem desmatava para expandir.

Emprenhado em pôr um fim nisso, o secretário do Meio Ambiente do município Paulo Henrique Pereira chegou a uma solução: pagar os proprietários rurais para manter as florestas em pé e preservar os cursos de água. “Tínhamos que provar ao agricultor que suas propriedades poderiam ser produtivas com a prestação de serviços ambientais, não só com a pastagem”, conta o secretário, que participou do EXAME Fórum Sustentabilidade, nesta segunda, em SP. 

“E fizemos isso numa época em que não existia o conceito de Pagamento por Serviços Ambientais (PSAs)”, ressalta Pereira, que também é técnico em agropecuária e biólogo. A ideia que hoje já vem sendo discutida pelos legisladores do país se baseia no fato de que a natureza e seus recursos dão suporte a muitos setores da iniciativa privada e que esse serviço prestado tem valor e deve ser recompensado.

Com o tempo, o projeto idealizado por Pereira foi ganhando apoio do Estado de Minas Gerais, de importantes instituições de preservação, como a SOS Mata Atlântica, e também da iniciativa privada. “Em uma parceria com a Bauducco, nós calculamos quanto de água a empresa consumia no seu processo produtivo e quanto de área seria necessário para produzir o volume de água que a Bauducco utilizava", explica.

“Seriam necessários 50 hectares para compensar o consumo de água da operação da fábrica”, diz. A partir desses resultados, a Bauducco fez um pacto com o município para financiar a adequação ambiental. O modelo de compensação ambiental deverá ser repetido agora com a fábrica da Panasonic no município.

Outro exemplo mais simples de implementação deste projeto e que pode ser aplicado a regiões que não têm em seu território uma grande indústria é o acordo com uma fábrica de laticínio de menor porte ao sul do município. “Nós propusemos que a fábrica desse um bônus para produtores rurais que preservassem áreas verdes em sua propriedade e produzissem em condições adequadas. Hoje, a fábrica paga 10% a mais pelo leite que vem dessas propriedades que preservam o meio ambiente”.

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