Met Gala 2025: Grandes nomes confirmados para o evento, incluindo Colman Domingo, Rihanna e LeBron James (Jim Watsonpeter Klaunzer/AFP/Getty Images)
Agência
Publicado em 2 de maio de 2025 às 15h17.
Com o aumento das tarifas norte-americanas sobre produtos chineses, empresas exportadoras da China estão intensificando sua presença no mercado doméstico, em uma estratégia para aproveitar o potencial da segunda maior economia do mundo e seu vasto contingente consumidor.
Para Zhang Jingli, gerente-geral da Anhui Good Hope Baby Safety Technology Co., Ltd., o mercado interno sempre esteve no radar da companhia.le explica que as demandas dos mercados nacional e internacional foram consideradas desde a fase de pesquisa e desenvolvimento dos produtos. Essa visão antecipada permitiu à empresa registrar um crescimento de 25% nas vendas no primeiro trimestre, mesmo diante das oscilações nas exportações.
O governo chinês respondeu rapidamente às tensões comerciais com políticas de apoio aos exportadores, tanto em nível nacional quanto local. Em paralelo, gigantes do e-commerce vêm utilizando o avançado ecossistema digital do país para ajudar empresas impactadas pelas tarifas a redirecionarem seus produtos ao mercado interno.
O Ministério do Comércio da China lidera a articulação com associações setoriais, grandes varejistas e distribuidores para ampliar os canais de venda domésticos. Entre as ações mais recentes, produtos originalmente destinados à exportação estão sendo incluídos em redes de supermercados, lojas físicas e plataformas online, além de integrarem programas de substituição de bens de consumo.
Empresas de comércio eletrônico como JD.com lançaram iniciativas robustas para absorver o excedente produtivo. A companhia criou um fundo de compras de 200 bilhões de yuans (cerca de US$ 27,7 bilhões) para adquirir produtos voltados à exportação. Segundo apuração da agência Xinhua, cerca de 30 mil empresas já procuraram a JD.com em busca de parcerias, sendo que milhares estão em negociações avançadas.
A Tencent, controladora do WeChat, lançou o “Plano de Aceleração de Novas Jornadas de Comércio Exterior”, com dez medidas para apoiar exportadores na entrada e expansão no mercado interno — incluindo isenção de taxas, canais prioritários de abertura de lojas e apoio à geração de tráfego digital. A expectativa é que essas ações impulsionem as vendas em até 100 bilhões de yuans.
Além das plataformas digitais, redes varejistas tradicionais também estão aderindo ao esforço de nacionalização da demanda. Estabelecimentos como Freshippo (do grupo Alibaba), Yonghui, CR Vanguard e Lianhua passaram a incluir em suas prateleiras produtos originalmente voltados para exportação.
Plataformas de e-commerce populares como Meituan, Douyin, Kuaishou e Vip.com também anunciaram iniciativas similares, fortalecendo o ecossistema de suporte às empresas de comércio exterior.
Segundo Tu Xinquan, reitor do Instituto Chinês de Estudos da OMC da Universidade de Negócios e Economia Internacionais de Pequim, a movimentação não é apenas uma resposta emergencial às tarifas, mas trata-se de uma transformação estrutural, parte do novo modelo de desenvolvimento da China.
A estratégia de integração entre os mercados interno e externo vem se consolidando. Em 2024, quase 85% dos exportadores chineses já estavam simultaneamente ativos no mercado doméstico, refletindo anos de políticas voltadas à diversificação e resiliência econômica.