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Exportações da Ásia mantêm força mesmo com tarifas de Trump

BofA revisa para cima o crescimento da região, citando consumo interno, acordos comerciais e avanço da economia chinesa

Publicado em 4 de setembro de 2025 às 10h10.

As principais economias exportadoras da Ásia vêm apresentando desempenho acima do esperado, mesmo após a entrada em vigor das tarifas dos Estados Unidos no mês passado.

Dados recentes de atividade industrial mostram avanço nas encomendas, redução de estoques e otimismo renovado entre empresários da região.

Na Coreia do Sul, considerada um dos principais termômetros do comércio asiático, as exportações de agosto cresceram com o aumento da demanda por semicondutores.

No Sri Lanka, os embarques de julho aceleraram em relação a junho. Já nas Filipinas e na Indonésia, os resultados superaram as expectativas, enquanto a Tailândia manteve volumes acima da média dos últimos cinco anos, segundo a Bloomberg.

Esse movimento tem sido reforçado por uma série de acordos comerciais firmados em julho entre o presidente Donald Trump e países como Coreia do Sul, Japão, Vietnã e Indonésia, que ajudaram a sustentar o fluxo de exportações.

Revisão na projeção

Diante desse cenário, o Bank of America (BofA) elevou sua projeção de crescimento da Ásia emergente neste ano de 3,7% para 4%. “Em comparação à nossa perspectiva de meio de ano, a incerteza macroeconômica parece ter diminuído”, escreveram os economistas em nota.

O banco destacou a resiliência do Vietnã, inicialmente visto como um dos países mais expostos às tarifas. Também apontou fatores que vêm sustentando a região, como a demanda doméstica aquecida, a manutenção das exportações de tecnologia, tarifas médias abaixo do esperado e o crescimento da economia chinesa.

A economia regional ainda conta com o impulso de políticas internas, sobretudo a flexibilização da política monetária. A Indonésia reduziu os juros três vezes neste ano, a Malásia cortou pela primeira vez em cinco anos e a Tailândia mantém uma das menores taxas básicas do mundo, de 1,5%.

Ao mesmo tempo, nos EUA a demanda por bens segue firme, mesmo após empresas terem antecipado importações durante o verão.

Crescimento regional

Dados de agosto do PMI da S&P Global apontam que a atividade industrial no Sudeste Asiático cresceu no ritmo mais forte em mais de um ano, com a confiança dos empresários atingindo o maior nível em cinco meses. No Japão, o PIB do segundo trimestre também superou expectativas, sustentado pela demanda doméstica.

No mercado financeiro, investidores também mostram otimismo. As bolsas asiáticas, assim como as globais, vêm em alta desde abril, quando Trump recuou de parte das tarifas, e os acordos firmados na sequência ajudaram a acalmar o mercado. O índice MSCI Ásia-Pacífico, referência regional, acumula desempenho superior ao do S&P 500 no ano.

Incertezas no horizonte

Ainda assim, permanecem riscos. Washington avalia novas tarifas sobre chips e produtos farmacêuticos sob a seção 232, relacionada à segurança nacional. A decisão de Trump de revogar isenções para empresas como Samsung e TSMC também pode afetar cadeias de suprimento de tecnologia.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que, apesar da resiliência, a economia global ainda deve enfrentar fraqueza adiante.

Além disso, as tarifas impostas no chamado “Dia da Libertação” seguem em disputa judicial: uma corte de apelação considerou a medida ilegal, e o governo recorreu. Caso a decisão seja mantida, as tarifas médias dos EUA poderiam cair pela metade, segundo análise da Bloomberg Economics. Por outro lado, isso também aumentaria o risco de Trump rever acordos comerciais.

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