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Exército usa bombas de fragmentação e enviado visita Damasco

A aviação síria usou nesta sexta-feira bombas de fragmentação contra os rebeldes no norte do país, constatou um jornalista


	Brahimi concede uma entrevista coletiva ao desembarcar no aeroporto de Damasco: Brahimi se reuniu com seu representante em Damasco, Moukhtar Lamani
 (©AFP / -)

Brahimi concede uma entrevista coletiva ao desembarcar no aeroporto de Damasco: Brahimi se reuniu com seu representante em Damasco, Moukhtar Lamani (©AFP / -)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2012 às 15h43.

Maaret Al-Noomane - O enviado internacional Lakhdar Brahimi chegou nesta sexta-feira a Damasco com a firme intenção de obter um cessar-fogo na próxima semana e de romper o ciclo de violência que deixou mais de mil mortos em menos de uma semana.

No terreno, a aviação síria usou nesta sexta-feira bombas de fragmentação contra os rebeldes no norte do país, constatou um jornalista da AFP, apesar de uma relativa calma nas frentes de Maaret al-Nooman e de Alepo.

A artilharia turca respondeu à queda de dois morteiros sírios em território turco, que não deixou vítimas.

"Vamos falar da necessidade de reduzir a violência atual e, se possível, de interrompê-la em ocasião do Eid al-Adha", entre 26 e 28 de outubro, declarou o diplomata argelino aos jornalistas em sua chegada.

O Eid al-Adha, ou festa do sacrifício, que coincide com a peregrinação a Meca, é uma das festas muçulmanas mais sagradas, durante a qual um carneiro é sacrificado com a garganta cortada.

Em sua chegada, Brahimi se reuniu com seu representante em Damasco, Moukhtar Lamani, encarregado dos contatos com os insurgentes. Ele deve se reunir no sábado com o chefe da diplomacia síria, Walid Mouallem, e com o presidente Bashar al-Assad em uma data ainda não especificada.

O mediador, que recebeu o apoio dos países da região, aliados ou hostis a Bashar al-Assad, espera que este cessar-fogo dê início a um "processo político" destinado a encontrar uma saída para o conflito sírio, que dura 19 meses.


Paris classificou a trégua de objetivo louvável, mas indicou que as condições para um cessar-fogo na Síria não estão reunidas no momento, no dia seguinte a um forte bombardeio a Maaret al-Nooman, onde um ataque deixou 44 mortos na quinta-feira, incluindo 23 crianças.

Os especialistas não acreditam que as armas serão silenciadas por muito tempo. "Podemos ter uma trégua de alguns dias com fins humanitários, trégua que o regime estaria mais interessado em aplicar porque está em em uma situação ruim no plano militar", afirmou à AFP Thomas Pierret, especialista em Síria e professor da Universidade de Edimburgo.

"Mas para que o cessar-fogo dure, é preciso haver uma solução política. No momento, isso me parece impossível", acrescentou.

Caças-bombardeiros largaram duas bombas em posições rebeldes em torno da base lealista de Wadi Deif, cercada pelos insurgentes, e duas bombas de fragmentação que explodiram como fogos de artifício em Maaret al-Nooman, no noroeste da Síria, constatou o jornalista da AFP.

Os insurgentes, Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e a Human Rights Watch (HRW) acusaram o Exército de Bashar al-Assad de recorrer a essas armas internacionalmente banidas, mas este indicou na segunda-feira que não as possui.

Os rebeldes cercam a cidade com picapes, abrindo fogo a cada passagem de bombardeiros. "Pouco importa se nos vamos morrer, mas devemos derrubar estes aviões", afirmou um rebelde com uma metralhadora antiaérea.

Aproveitando-se da calma, comerciantes varriam as calçadas de suas lojas.

A energia elétrica foi restabelecida em vários bairros do centro, mas os alimentos começam a faltar na cidade, onde poucas mercearias ainda estão abertas.


Na periferia leste de Maaret al-Nooman, os insurgentes tentam tomar a base de Wadi Deif, que abriga 250 soldados, tanques e importantes reservatórios de combustíveis. Segundo o OSDH, "pelo menos 2.500 insurgentes" estão envolvidos na batalha.

Os combates perderam intensidade. "Nós esperamos munições", explicou o comandante Mandil.

Nesta sexta-feira, a violência casou a morte de 54 pessoas em toda a Síria, indica um registro provisório do OSDH.

A brutalidade do conflito, que deixou 34.000 mortos em 19 meses segundo o OSDH, atinge um nível tão alto que as manifestações para exigir a queda de Assad, antes massivas, agora são esparsas. Mas protestos foram organizados, como ocorre em todas as sextas-feiras.

O Exército sírio abriu fogo e lançou bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes em Hama, no centro da Síria, indicou o OSDH.

"Estados Unidos, será que a sua maldade já não derramou nosso sangue o suficiente?" gritavam nesta sexta-feira os manifestantes, segundo a página do Facebook "Syrian revolution 2011", utilizada por militantes sírios para definir um lema unificado a cada semana.

Os militantes sírios pedem uma mobilização internacional contra o regime de Bashar al-Assad, mas sua decepção apenas aumenta frente à inação da comunidade internacional, paralisada por suas divisões em torno da crise síria.

Os temores de um transbordamento regional do conflito sírio foram reavivados por um atentado em Beirute nesta sexta-feira. Condenado por Damasco como um ato "terrorista injustificável", ele teve como alvo autoridades que investigaram a série de assassinatos de personalidades libanesas hostis ao regime sírio entre 2005 e 2008.

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