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Exército ucraniano se retira de aeroporto após combates

Retirada do aeroporto de Lugansk se soma a uma série de derrotas recentes do Exército ucraniano

Tanque ucraniano na região de Donetsk: exército realizou uma retirada do aeroporto de Lugansk após violentos combates (Anatolii Stepanov/AFP)

Tanque ucraniano na região de Donetsk: exército realizou uma retirada do aeroporto de Lugansk após violentos combates (Anatolii Stepanov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2014 às 17h25.

Kiev - As tropas ucranianas se retiraram nesta segunda-feira do aeroporto de Lugansk, reduto dos separatistas pró-Rússia no leste do país, após intensos combates e no momento em que Kiev alerta para o risco de uma grande guerra com a Rússia.

Essa retirada de Lugansk se soma a uma série de derrotas do Exército ucraniano que, segundo jornalistas da AFP no local, parece ter abandonado uma vasta zona do sudeste da região de Donetsk, entre o reduto rebelde de Donetsk, a fronteira russa a leste e o porto estratégico de Maiupol ao sul, às margens do Mar de Azov, sem realmente combater as forças adversárias.

Também ocorre quando representantes da Ucrânia, da Rússia e da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia (OSCE) - o chamado "grupo de contato" - seguem reunidos na capital de Belarus, Minsk, no dia seguinte às declarações do presidente russo, Vladimir Putin, sugerindo pela primeira vez a ideia de um status de soberania para as regiões rebeldes do leste.

Com o apoio de fotografias de satélite, Kiev e o Ocidente acusam a Rússia de enviar tropas para o leste da Ucrânia, o que Moscou nega. O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, chegou a assegurar que não haveria "nenhuma intervenção militar russa" na Ucrânia e a considerar que um "cessar-fogo imediato e incondicional" deve ser discutido nesta segunda-feira em Minsk.

Risco de uma grande guerra

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, escolhido para presidir o Conselho Europeu, alertou para os perigos de uma guerra "não apenas no leste da Ucrânia", em um discurso pronunciado nesta segunda-feira, por ocasião das cerimônias que marcam o 75º aniversário da agressão da Alemanha nazista contra a Polônia, acontecimento deflagrador da Segunda Guerra Mundial.

Já Kiev informou sobre combates entre paraquedistas ucranianos e "um batalhão de tanques das Forças Armadas russas para defender o aeroporto de Lugansk".

No final da manhã, os militares ucranianos se retiraram do aeroporto de Lugansk e da localidade de Gueorguiivka, perto do aeroporto e a 18 km de Lugansk, declarou o porta-voz militar Andrei Lysenko.

"Pela precisão dos disparos, são atiradores das Forças Armadas russas", disse.

Lysenko também declarou que um navio da Guarda Costeira ucraniana, atingido no domingo por disparos, afundou nesta segunda-feira, deixando dois marinheiros feridos e dois desaparecidos.

Em pronunciamento na televisão no domingo à noite, o ministro ucraniano da Defesa, Valeriy Gueletei, afirmou que as tropas russas também haviam aparecido em Donetsk.

"Uma grande guerra"

Nesta segunda-feira, Gueletei afirmou que "desde a Segunda Guerra Mundial não se via na Europa uma grande guerra como essa que bate à nossa porta. Infelizmente, as perdas em uma guerra assim não se mediriam em centenas, mas em milhares e dezenas de milhares" de vítimas, acrescentou.

O conflito no leste da Ucrânia já matou cerca de 2.600 pessoas desde meados de abril. Nos últimos dias, os rebeldes fizeram cerca de 700 soldados ucranianos de reféns, segundo Volodimir Ruban, líder ucraniano que negocia a troca de prisioneiros.

Perto de Donetsk, sinais de uma retirada das forças legalistas ucranianas aumentam, de acordo com um jornalista da AFP.

O posto de controle militar de Mariïnka, na saída oeste, não existia mais nesta segunda-feira. Perto de Berezové, ao sul do reduto separatista, um tanque do Exército e dois veículos militares de transporte de tropas foram abandonados.

No centro de Donetsk, nenhum bombardeio foi ouvido à noite.

Putin apela ao 'bom senso'

A escalada ocorre antes de uma cúpula da Otan, nos dias 4 e 5 de setembro no Reino Unido, onde um encontro está previsto entre o presidente ucraniano e o presidente americano, Barack Obama. Kiev reviveu seus planos de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e espera uma "ajuda prática" e "decisões cruciais" da Aliança no final do encontro.

A Comissão Europeia trabalha, por sua vez, em novas sanções contra a Rússia. Essas medidas devem ser apresentadas até o final da semana para os líderes europeus, que vão se decidir "em função da evolução da situação no terreno".

Enquanto os insurgentes ganham terreno, Putin defendeu no domingo, pela primeira vez, a "soberania" para as regiões separatistas. Hoje, ele apelou para o "bom senso" e disse esperar que nem a Rússia nem a UE causem "danos com suas respectivas escolhas".

Diante dessa ameaça, a moeda russa caiu nesta segunda-feira a um novo recorde em relação ao dólar, valendo 37,30 rublos.

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