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Exército russo recua ao menos 10km da fronteira ucraniana

Tropas russas recuaram a pelo menos 10km da fronteira com a Ucrânia, um gesto simbólico para acalmar a tensão


	Militar direciona tanques: esta é a primeira vez que Rússia mostra vontade de diminuir tensão
 (Reuters)

Militar direciona tanques: esta é a primeira vez que Rússia mostra vontade de diminuir tensão (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2014 às 11h30.

Kiev - As tropas russas recuaram a pelo menos 10 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, um gesto simbólico para acalmar a tensão, a cinco dias da eleição presidencial fundamental para o futuro do país.

Várias vezes anunciada pelo Kremlin, a retirada dos soldados mobilizados ao longo da fronteira nunca havia sido confirmada pela Aliança Atlântica e os Estados Unidos.

Esta é a primeira vez que a Rússia mostra claramente sua vontade de diminuir a tensão.

Após sobrevoar 820 km de fronteira, os guardas da fronteira constataram a movimentação, que acontece no momento em que o homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, maior empregador da região leste, mergulhada em uma insurreição armada pró-russa, faz um apelo aos ucranianos por uma oposição aos separatistas.

A posição firme do oligarca em favor da unidade da Ucrânia constitui uma derrota para os separatistas e uma possível virada na crise.

Dez quilômetros

"Nós podemos dizer que as tropas russas estão agora a pelo menos 10 quilômetros da fronteira. Sobre o que acontece para além (desses 10 km), não sou eu que devo responder", mas os russos, declarou Sergui Astakhov, comandante da Guarda de Fronteira.

O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou na segunda-feira que suas tropas retornassem aos seus quartéis, mas nem a Otan nem os Estados Unidos confirmaram a retirada.

Nesta terça-feira, o ministério da Defesa russo indicou que as tropas estavam na fase de preparativos para a partida.

Acusada por Kiev de apoiar a rebelião armada, a Moscou havia mobilizado 40.000 soldados perto da fronteira ucraniana, como parte de manobras militares.

A demonstração de força alimentou na Ucrânia, Europa e Estados Unidos o temor de uma invasão da Ucrânia, após a anexação em março da península da Crimeia.

O anúncio da retirada das tropas russas ocorre em meio a confrontos esporádicos entre insurgentes armados e soldados ucranianos nas regiões separatistas da Lugansk e Donetsk, no leste.

Akhmetov contra os separatistas

A ação de Rinat Akhmetov pode representar um ponto de inflexão na crise ucraniana, já que o oligarca — dono de um vasto conglomerado de carvão e aço — é extremamente influente no leste do país.

Ele pediu nesta terça-feira a todos os seus funcionários que protestem pacificamente contra os separatistas pró-Rússia do leste do país, a cinco dias das eleições presidenciais.


"Peço a todos os meus funcionários de Donbass (sudeste da Ucrânia) que protestem pacificamente diante das empresas nas quais trabalham", afirma o bilionário ucraniano em um comunicado do grupo System Capital Management (SCM).

"As pessoas estão cansadas de viver com medo e terror. Estão cansadas de sair às ruas e de serem vítimas de tiros. Pessoas caminham com armas e lança-granadas. As cidades são cenários de atos de vandalismo e de saques", destacou Akhmetov, que segundo a revista Forbes tem uma fortuna de 12,2 bilhões de dólares.

As manifestações diante das fábricas, minas e empresas de energia do empresário deveriam começar por volta do meio-dia na cidade portuária de Mariupol, em Donetsk, assim como em várias cidades do leste da Ucrânia.

Akhmetov se envolveu nos últimos dias na defesa de seus funcionários e de seus complexos industriais contra os separatistas.

Milícias não armadas, recrutadas entre os funcionários de Akhmetov, foram criadas para ajudar a restaurar a ordem na cidade de 500.000 habitantes.

Ao posicionar-se como um homem de paz, o empresário pediu às autoridades de Kiev o fim da operação militar "antiterrorista" iniciada em 13 de abril para retomar o leste do país, ao mesmo tempo em que pediu aos ativistas pró-Rússia que desistissem da independência e negociassem com Kiev.

10.000 deslocados

Um alto funcionário da ONU para os Direitos Humanos descreveu na segunda-feira à AFP Donetsk como uma região "à beira do abismo".

Paralelamente, quase 10.000 pessoas, em sua maioria tártaros, foram obrigadas a deixar suas cidades na Ucrânia, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que destaca que os deslocamentos começaram antes do referendo de março sobre a Crimeia.

"O Acnur observa na Ucrânia um aumento contínuo e sólido dos deslocamentos internos, que afeta quase 10.000 pessoas. Pelo menos um terço dos deslocados são crianças", declarou o porta-voz da agência, Adrian Edwards.

"A maioria dos deslocados é de tártaros, mas as autoridades locais também apontaram um recente aumento dos registros de pessoas de etnia ucraniana, russa e de famílias mistas", completou o porta-voz.

"A situação no leste provoca claramente deslocamentos", disse.

Os afetados afirmam que fugiram porque eram ameaçados ou sentiam medo, destaca o Acnur. Edwards afirmou, no entanto, que a ONU ainda não tem uma imagem clara da identidade das pessoas que ameaçam a população.

A violência, que provocou quase 130 mortes entre 13 de abril — data do início da operação "antiterrorista" de Kiev — e 16 de maio, pode prejudicar a eleição presidencial do próximo domingo em Lugansk e Donetsk.

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