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Exército russo ajuda Venezuela "diante das ameaças", diz embaixador

Em crise e sofrendo pressão internacional, governo de Nicolás Maduro

Rússia, aliada do presidente Nicolás Maduro, enviou em março uma centena de soldados ao país sul-americano (Miraflores Palace/Handout/Reuters)

Rússia, aliada do presidente Nicolás Maduro, enviou em março uma centena de soldados ao país sul-americano (Miraflores Palace/Handout/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de maio de 2019 às 20h41.

As tropas russas que chegaram à Venezuela em março ajudam o exército do país latino-americano a se preparar contra as ameaças dos EUA "de uso da força", declarou o embaixador russo na Venezuela, Vladimir Zaiomski, que defendeu o "diálogo".

"O governo venezuelano está em estado de alerta desde o início do ano, enquanto os Estados Unidos continuam com suas ameaças de força contra a Venezuela. Nessas condições, devem ter certeza de que as armas que possuem estão em condições de funcionamento", declarou em uma entrevista à AFP em Moscou.

"Nossos especialistas estão lá para formar nossos colegas venezuelanos a manter seu material militar disponível e, ao mesmo tempo, lhes ensinam a melhor maneira de utilizá-lo", disse Zaiomski, acrescentando que os militares estão na Venezuela em virtude de um acordo assinado em 2001.

A Rússia, aliada do presidente venezuelano Nicolás Maduro, enviou em março uma centena de soldados ao país sul-americano, que enfrenta uma grande crise política desde que o presidente do Parlamento, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino do país. Atualmente, é reconhecido por cerca de cinquenta países, incluindo os Estados Unidos.

Essa crise provocou um novo confronto entre Moscou e Washington, que acusam uns aos outros de desestabilizar a Venezuela. O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu à Rússia que deixe o país, enquanto Moscou acusou Washington de querer fomentar um golpe em detrimento do direito internacional.

"Somos contra qualquer tentativa de ingerência", reiterou o embaixador russo, desde 2009 no país sul-americano. "A saída da crise está no caminho do diálogo e da busca de compromisso", afirmou.

"Atualmente, esse diálogo, que deveria ser sistemático, não existe", acrescentou, culpando Juan Guaidó e a oposição, "influenciada por radicais e marginais".

Ele também elogiou a mediação realizada pela Noruega, onde representantes do governo de Nicolás Maduro e da oposição venezuelana começaram um tímidodiálogo na semana passada.

"É muito bom que esses diálogos ocorram", disse ele, acrescentando que espera que "essas reuniões continuem".

"Nenhum contato" com Maduro

Questionado sobre as possibilidades da Rússia e dos Estados Unidos encontrarem uma saída para a crise venezuelana, Vladimir Zaiomski considerou que "não cabe aos Estados Unidos e à Rússia se entenderem".

"(Isso corresponde) Aos chavistas e à oposição, porque é uma crise venezuelana e só os venezuelanos podem encontrar a solução", acrescentou.

Vladimir Zaiomski negou que a Rússia tenha desempenhado qualquer papel em manter Nicolás Maduro no poder durante a tentativa de insurreição de Juan Guaidó em 30 de abril. Segundo o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, o presidente venezuelano estava disposto a deixar o país naquele dia, mas Moscou o impediu.

"Não houve contato" entre Rússia e Venezuela, declarou o embaixador russo, denunciando uma "nova mentira".

"Aparentemente, nossos colegas americanos pensaram que seus esforços para derrubar o poder da Venezuela seriam coroados com sucesso rapidamente, e o tempo mostra [...] que essas esperanças não tiveram nenhum fundamento sério. Mas, parece ser, essa falta de resultado causou irritação e agora eles começam a procurar culpados ", declarou o embaixador.

A crise venezuelana é apenas um dos muitos pontos de divergência entre Moscou e Washington. A questão foi abordada por Mike Pompeo e pelo presidente russo Vladimir Putin durante sua reunião em Sochi (Rússia) em 14 de maio, sem nenhum avanço notável.

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