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Exército paquistanês reconhece falhas do serviço de inteligência

Segundo o general Parvez Kayani, apesar de admitir suas limitações em inteligência sobre Bin Laden, é importante destacar conquistas contra a Al-Qaeda

O general informou ter encomendado uma investigação sobre as circunstâncias que levaram à falha da inteligência (Spencer Platt/Getty Images)

O general informou ter encomendado uma investigação sobre as circunstâncias que levaram à falha da inteligência (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2011 às 20h12.

Islamabad - O Exército do Paquistão reconheceu nesta quinta-feira falhas do seu serviço de inteligência envolvendo a localização de Osama bin Laden, mas ameaçou rever sua cooperação com Washington no caso de uma nova incursão americana pelo país semelhante a que matou o líder da Al-Qaeda.

O general Ashfaq Parvez Kayani, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas paquistanesas, reuniu-se nesta quinta-feira com os comandantes de cada setor da Defesa quatro dias após a operação americana que matou Bin Laden na cidade de Abbottabad.

Ele deixou claro que "qualquer outra ação similar que viole a soberania paquistanesa levará à revisão da cooperação com Washington em termos de inteligência militar".

Segundo o general, apesar de admitir suas limitações em termos de inteligência sobre a localização de Bin Laden, é importante destacar as conquistas contra a Al-Qaeda e outros grupos terroristas.

Sobre Bin Laden, o Exército afirmou que a CIA conseguiu descobrir uma série de fatos com base em informações iniciais fornecidas pelo ISI, o serviço de inteligência paquistanês, e queixou-se de que os americanos não compartilharam com Islamabad as informações descobertas posteriormente.

O general informou ter encomendado uma investigação sobre as circunstâncias que levaram à falha da inteligência, no caso de Bin Laden.

O chefe do Estado-Maior paquistanês também transmitiu ordens a todos os comandos para reduzir ao mínimo o número de instrutores militares americanos presentes no Paquistão.


Segundo o comunicado do serviço de inteligência, lido depois de uma reunião do Estado-Maior, "cem dos mais altos quadros e combatentes da Al-Qaeda foram mortos ou detidos pelo ISI, com ou sem o apoio da CIA" desde o final de 2001.

Washington não informou com antecedência Islamabad, considerado seu aliado-chave em sua "guerra contra o terrorismo" por temer que paquistaneses alertassem Bin Laden, sem indicar quem.

Islamabad protestou contra essa ação "clandestina", denunciando uma "violação de sua soberania territorial".

É a primeira vez com o comunicado desta quinta-feira, quatro dias depois do ataque, que o Exército reage oficialmente, tomado de um profundo constrangimento, entre acusações de incompetência e suspeitas de cumplicidade.

"No caso de Bin Laden, a CIA não compartilhou as informações com o ISI depois de desenvolver táticas com base em informações inicialmente fornecidas pelo próprio ISI, o que vai de encontro às práticas normais entre os dois serviços", indicou comunicado do Estado-Maior, acrescentando: "Em consequência disso, uma investigação foi ordenada sobre as circunstâncias que levaram a esta situação".

O Exército "reiterou o seu compromisso com a defesa da soberania e da integridade territorial do Paquistão e com o combate a qualquer ameaça terrorista".

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