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Exército egípcio, pilar do regime, vive uma situação difícil

Segundo a ONG Human Rights Watch, é responsabilidade histórica da instituição trabalhar pela transição pacífica no país

Ao contrário da polícia, exército egípcio ainda mantém o respeito da população (Chris Hondros/Getty Images)

Ao contrário da polícia, exército egípcio ainda mantém o respeito da população (Chris Hondros/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2011 às 14h20.

Cairo - O Exército egípcio, pilar do regime, se encontra em uma posição difícil nesta terça-feira, entre a multidão contra a qual prometeu não abrir fogo e o presidente Hosni Mubarak, do qual se distanciou sem chegar a abandoná-lo totalmente.

Se abandonarem completamente o chefe de Estado, os militares podem colocar em perigo um sistema do qual são os fiadores e que proporciona vantagens políticas e econômicas às Forças Armadas.

Mas uma repressão violenta contra uma multidão que, até o momento, tem aplaudido os tanques e aclamado os soldados acabaria com a imagem positiva de uma instituição que goza do respeito da população, ao contrário da polícia.

Além disso, na situação atual, a repressão talvez não consiga restabelecer a ordem.

Diante de uma situação instável, vários países pedem moderação.

O governo dos Estados Unidos enviou um emissário ao Cairo, o ex-embaixador no Egito Frank Wisner, e a organização de defesa dos direito humanos Human Rights Watch (HRW) enviou uma carta ao ministro da Defesa, o marechal Mohamed Hussein Tantaui, para pedir cautela às Forças Armadas.

Para a HRW, trabalhar em uma transição pacífica para a democracia constitui uma "responsabilidade histórica" do Exército egípcio.


Segundo Tewfik Aclimandos, especialista em Egito no Collège de France, na atual circunstância "tudo depende do Exército", que, apesar de apoiar Mubarak, "tampouco quer disparar contra a multidão".

O Exército ocupa um lugar de destaque no que está acontecendo desde que Mubarak, que é general da Força Aérea, pediu a intervenção dos militares para auxiliar a polícia, que não conseguia mais manter a ordem, e deu mais poderes aos militares, nomeando dois generais, Omar Suleiman e Ahmed Shafiq, como vice-presidente e primeiro-ministro respectivamente.

Na segunda-feira, o Exército se dirigiu ao "grande povo do Egito", considerou "legítimas" suas reivindicações e garantiu que "não recorrerá ao uso da força", tomando distância de Mubarak, mas sem esclarecer a quais reivindicações se referia.

Mas não tirou totalmente o apoio ao presidente, cuja renúncia é exigida cada vez mais pelos manifestantes.

Para superar os obstáculos, os militares podem apoiar uma espécie de transição organizada pelo regime, como deseja Washington, para conseguir conciliar a estabilidade do país com a abertura política, afirma Eliyah Zarwan, do International Crisis Group (ICG).

"Neste caso, parte do regime poderia perdurar e organizar a transição, se necessário sem Mubarak", completa.

Todos os presidentes egípcios foram militares desde 1952, quando os "oficiais livres" de Gamal Abdel Nasser derrubaram a monarquia.

Além disso, as Forças Armadas têm muitos soldados jovens cujo grau de lealdade ao regime é difícil de avaliar e aos quais seria difícil pedir que atirem contra os manifestantes.

"O Exército egípcio é respeitado. Reprimir movimentos populares não faz parte de sua tradição, em um país no qual a repressão sempre esteve a cargo das forças de segurança, em particular da polícia antidistúrbios", afirma Amr Al-Shobaki, do centro de estudos políticos Al Ahram do Cairo.

Na segunda-feira até a Irmandade Muçulmana destacou a "gloriosa posição do grande Exército egípcio, que está ao lado de seu povo".

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