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Exército egípcio garantirá segurança durante referendo

Esta não será a primeira vez que o exército se encarrega de manter a segurança em uma consulta popular, já que isso foi feito nas eleições legislativas e presidenciais


	O presidente do Egito, Mohamed Mursi: Em um decreto publicado hoje no Diário Oficial, Mursi autoriza o exército a deter civis e colocá-los à disposição judicial
 (Khaled Desouki/AFP)

O presidente do Egito, Mohamed Mursi: Em um decreto publicado hoje no Diário Oficial, Mursi autoriza o exército a deter civis e colocá-los à disposição judicial (Khaled Desouki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2012 às 18h13.

Cairo - O presidente egípcio, Mohammed Mursi, ordenou que o exército garanta a segurança no país durante o polêmico referendo constitucional deste sábado, no qual alguns opositores anunciaram nesta segunda-feira que votarão contra.

Em um decreto publicado hoje no Diário Oficial, Mursi autoriza o exército a deter civis e colocá-los à disposição judicial, assim como estabelece a coordenação entre militares e policiais para preservar a segurança no país até que seja anunciado o resultado do referendo.

Esta não será a primeira vez que o exército se encarrega de manter a segurança em uma consulta popular, já que isso foi feito nas eleições legislativas e presidenciais.

Esta nova votação está marcada por uma alta polarização política e instabilidade social, com uma ampla rejeição ao plebiscito por parte de manifestantes e forças opositoras, que criticam o fato da Carta Magna ter sido redigida por uma assembleia de maioria islamita e sem consenso.

Se no sábado passado as Forças Armadas alertavam para trágicas consequências se os grupos políticos não chegassem a um acordo para sair da crise, hoje o ministro do Interior egípcio, Ahmed Gamal el Din, assegurou que a polícia nunca servirá aos interesses de apenas uma parte dos cidadãos.


Outro dos obstáculos para a organização do referendo está sendo sua supervisão, com setores do judiciário contrários a Mursi, depois que o presidente blindou seu poder das decisões da justiça com uma declaração que foi anulada por ele no sábado.

Com a condição de que terminem os protestos nos arredores do Supremo Tribunal Constitucional e o órgão possa voltar a funcionar sem pressões, o Clube de Juízes do Conselho de Estado egípcio se mostrou hoje disposto a supervisionar o referendo.

O presidente da associação, Hamdy Yassin, pediu em declarações à Agência Efe que os manifestantes deixem as imediações da corte e defendeu a neutralidade dos juízes em relação à consulta constitucional.

Enquanto os protestos contra Mursi continuam na praça Tahrir, alguns opositores já começaram a pedir o ''não'' à Constituição, embora a influente Frente de Salvação Nacional (que agrupa importantes dirigentes) ainda não se pronunciou sobre a questão.

O movimento jovem 6 de Abril iniciou uma campanha contra o projeto de Constituição ''não representativa'' e argumentou que se ele for aprovado colocaria em ''perigo as demandas da revolução'', o que também foi defendido hoje pelo ex-candidato presidencial Abdel Moneim Abul Futuh.


Além disso, 22 organizações de direitos humanos egípcias pediram para que a população vote contra a nova Carta Magna, pois consideram que seu texto mina os direitos e liberdades e abre aportas para uma ''tirania política e religiosa''.

O mufti do Egito, Ali Gomaa, máxima autoridade islâmica do país, defendeu a separação da religião da política. Segundo ele, a vinculação de ambas ''corrompe a religião e a leva para políticas que não lhe correspondem''.

Em comunicado, o mufti sustentou que o Islã proíbe o derramamento de sangue, em alusão aos recentes enfrentamentos entre seguidores e detratores do presidente egípcio.

O frágil cenário político deixou em segundo plano a alta dos impostos a de certos bens e serviços (em alguns casos de 200%) aprovada ontem por Mursi e suspensa horas mais tarde à espera de que o governo consulte aos cidadãos.

Quando está em jogo a aprovação da Constituição e as futuras eleições legislativas, Mursi atrasou uma alta fiscal que até a Irmandade Muçulmana criticou e que pretende cumprir o programa do Fundo Monetário Internacional em troca de um empréstimo de US$ 4,8 bilhões.

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