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Exército dispara contra manifestantes no Bahrein

Pelo menos uma pessoa morreu; exército ainda não tinha respondido com violência aos protestos contra o governo

Manifestante ferido no Bahrein: sete pessoas já morreram nos protestos (Joseph Eid/AFp)

Manifestante ferido no Bahrein: sete pessoas já morreram nos protestos (Joseph Eid/AFp)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 17h26.

Manama, Bahrein - Pelo menos uma pessoa morreu nesta sexta-feira e várias dezenas ficaram feridas ao serem atingidas por disparos feitos pelo exército do Bahrein contra cerca de 500 manifestantes que se concentraram na praça Lulu, na capital Manama, para exigir reformas políticas no país.

Esta foi a primeira vez que o exército, que ontem se ocupou várias ruas de Manama de maneira simbólica, disparou em direção aos participantes dos protestos, que desde o último dia 14 pressionam o governo.

Segundo fontes do hospital Al Salmaniya, uma pessoa está internada em estado grave no local, onde vários manifestantes se refugiaram durante o tiroteio.

Após os disparos dos soldados, que bloqueiam a praça desde ontem, a polícia passou a utilizar balas de borracha e gás lacrimogêneo.

Parte da equipe médica do hospital foi para a frente do edifício para tentar protegê-lo de uma possível invasão, como constatou a reportagem da Agência Efe.

Algumas ambulâncias foram barradas pelas forças de segurança, que não as deixaram retornar ao centro médico, segundo funcionários.

Desde o começo das manifestações, pelo menos sete pessoas morreram, quatro delas ontem durante o despejo da praça.

O exército divulgou ontem que sua ação nas ruas da capital tinha como objetivo preservar a paz e a segurança dos cidadãos e residentes estrangeiros no país.

Manama também foi testemunha nesta sexta de grandes protestos a favor e contra o regime.

Estes novos fatos coincidem com uma entrevista na rede de televisão estatal do príncipe herdeiro Salman bin Hamad al-Khalifa, que pediu aos barenitas para que façam suas reivindicações de forma ordeira e pacífica.

"O momento é de tranquilidade", disse Salman, que alertou que "hoje o Bahrein está dividido", apesar de "não fazer distinções" entre muçulmanos sunitas (minoria no país à qual pertence a família real) e xiitas.


Durante a manhã, mais de 15 mil pessoas exigiram a queda do atual regime no funeral de duas das pessoas que morreram ontem durante a ação policial para dispersão dos manifestantes na praça Lulu.

Durante a passeata, que aconteceu na região de Shifra, nos arredores de Manama, os participantes mostraram descontentamento e raiva em relação às autoridades.

Além disso, gritaram palavras de ordem nacionalistas como "Bahrein, és minha casa", ou frases para homenagear os mortos, considerados por eles como mártires.

Após o funeral, os protestos continuaram dentro do complexo do hospital de Salmaniya, o maior do país.

Além disso, após a oração do meio-dia, milhares de barenitas mostraram apoio ao rei Hamad bin Issa al-Khalifa em uma manifestação pacífica realizada na zona leste de Manama.

Os participantes, que mostraram também seu apoio ao governo e a toda a família real, levaram fotos do monarca e bandeiras do país, como constatou a Agência Efe.

Em alguns cartazes, podia-se ler: "somos a verdadeira voz do Bahrein", em referência aos protestos protagonizadas por ativistas da oposição.

A rede estatal de televisão, que mostrou imagens nas quais podiam ser vistas centenas de participantes, garantiu que o número de manifestantes foi de mais de 100 mil.

Pelo menos 14 jornalistas estrangeiros ficaram retidos hoje por várias horas no aeroporto do Bahrein, segundo a ONG Associação da Juventude Barenita para os Direitos Humanos.

A revolta popular contra o governo conta com uma participação sem precedentes neste país, um arquipélago com uma superfície de apenas 727 quilômetros quadrados no qual vivem pouco mais de um milhão de pessoas, metade delas estrangeiros.

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