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Exército de Israel diz ter matado outro comandante do Hezbollah no Líbano

Apontado como possível sucessor de Hassan Nasrallah, Nabil Qaouk era comandante da unidade de segurança interna e membro do conselho executivo do grupo xiita

Nabil Qaouk, ao centro: uma fonte próxima ao grupo xiita confirmou que Qaouk morreu em um ataque (AFP)

Nabil Qaouk, ao centro: uma fonte próxima ao grupo xiita confirmou que Qaouk morreu em um ataque (AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 29 de setembro de 2024 às 08h20.

O Exército de Israel afirmou, neste domingo, 29, ter matado outro dirigente do grupo xiita libanês Hezbollah em um ataque aéreo realizado no sábado no sul de
Beirute.

Nabil Qaouk foi apontado pelas forças do Estado judeu como comandante da unidade de segurança interna e membro do conselho executivo da organização político-militar.

O anúncio foi feito um dia após o Hezbollah confirmar a morte de seu líder, Hassan Nasrallah, em um bombardeio israelense contra o quartel-general do grupo na capital do Líbano.

À AFP, uma fonte próxima ao grupo xiita confirmou que Qaouk morreu em um ataque e que o libanês era um membro sênior da organização.

As Forças Armadas de Israel afirmaram, em comunicado, que o "terrorista Nabil Qaouk, comandante da unidade de segurança" do Hezbollah, foi "eliminado". Considerado "próximo da cúpula da organização terrorista", continua o texto, "ele estava diretamente implicado na promoção de planos terroristas contra o Estado de Israel e seus cidadãos, inclusive nos últimos dias".

Qaouk se juntou ao Hezbollah na década de 1980 e ocupou diversos cargos de responsabilidade, segundo o comunicado do Exército.

Quem foi Hassan Nasrallah

O falecido líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, considerado o homem mais poderoso do Líbano, vivia escondido desde a última guerra entre Israel e o movimento islamista em 2006. Mas, na sexta-feira, 27, o exército israelense o localizou, resultando na sua morte em um bombardeio.

Nasrallah, assassinado aos 64 anos, fez poucas aparições públicas desde a guerra entre seu movimento e o Exército israelense em meados de 2006. O local de sua residência sempre foi mantido em segredo.

Hassan Nasrallah em 2001 (AMMAR AMMAR /AFP Photo)

Apesar da clandestinidade, o líder da influente milícia xiita recebia visitantes, incluindo líderes de grupos palestinos aliados do Hezbollah, que publicaram fotos dos encontros.

Os jornalistas e personalidades que o encontraram afirmaram que foram levados pelo Hezbollah em veículos de segurança e com medidas de segurança reforçadas para um local difícil de identificar.

Influência política e culto de personalidade

Nasrallah discursava com frequência, e seus pronunciamentos, transmitidos ao vivo, eram acompanhados com atenção no Líbano, onde era considerado o homem mais poderoso do país. À frente do Hezbollah, ele decidia sobre guerra ou paz.

Para os seguidores xiitas, ele era objeto de um grande culto de personalidade, mas sua influência também se estendia às esferas políticas. Sua morte pode ter consequências para toda a região.

Um líder de transformação

Nasrallah liderava o Hezbollah desde 1992, quando sucedeu Abbas Musawi, morto por Israel. Sob sua liderança, o Hezbollah se tornou a força política mais poderosa do Líbano, com assento no Parlamento e no governo, além de dispor de um arsenal militar significativo, com 100 mil combatentes e mísseis de alta precisão.

Dos pagers à guerra total? Como conflito entre Israel e Hezbollah escalou em poucos dias

O Hezbollah é o único grupo que manteve suas armas após o fim da guerra civil libanesa (1975-1990), alegando ser necessário para a "resistência contra Israel", cujo Exército se retirou do país em 2000, após 22 anos de ocupação.

O conflito de 2006 com Israel, que durou 33 dias, consolidou a imagem de Nasrallah como líder, após a morte de seu filho mais velho, Hadi, em combate. Ao final da guerra, ele proclamou uma "vitória divina" e se tornou um herói no mundo árabe.

Críticas e envolvimento no assassinato de Hariri

No entanto, no Líbano, Nasrallah enfrentou críticas, especialmente após o Hezbollah ser acusado de envolvimento no assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri em 2005. Ele também foi criticado quando homens armados do Hezbollah assumiram brevemente o controle de Beirute em 2008.

Influência regional e conexão com o Irã

Em 2013, Nasrallah anunciou a intervenção militar do Hezbollah na Síria para apoiar o regime de Bashar al-Assad na guerra civil. Ele desfrutava da confiança total dos líderes iranianos e formou uma aliança estratégica com Teerã, apoiando grupos como os rebeldes huthis no Iêmen e o Hamas na Palestina.

O Hezbollah, sob sua liderança, se tornou a "joia da coroa" dos aliados do Irã na região, compondo o chamado "eixo da resistência".

Origens humildes e liderança

Hassan Nasrallah nasceu em 31 de agosto de 1960, em uma família modesta de nove filhos, no antigo "cinturão de miséria" que cercava Beirute. Ele estudou teologia em Najaf, no Iraque, mas foi forçado a retornar ao Líbano durante a repressão xiita de Saddam Hussein.

Ao retornar, ele se juntou ao movimento xiita Amal, mas deixou o grupo durante a invasão israelense de 1982 para integrar o núcleo fundador do Hezbollah, com apoio da Guarda Revolucionária Iraniana.

Casado e pai de cinco filhos, ele falava farsi fluentemente.

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