Cerca de 15 pessoas morreram em ataque de um prédio do governo em Jalalabad (Parwiz/Reuters)
AFP
Publicado em 1 de agosto de 2018 às 11h53.
O Exército reforçou nesta quarta-feira (1º) a presença nas ruas de Jalalabad, grande cidade do leste do Afeganistão, cenário de vários atentados do grupo Estado Islâmico (EI), que foi expulso de seus redutos por operações militares e ações dos talibãs.
"Quase 150 combatentes do Daesh (acrônimo do EI em árabe), com seu comandante e seu adjunto, se renderam nesta quarta-feira em Jawzjan", anunciou o Ministério da Defesa.
Em Jalalabad, o temor é grande diante da ameaça do EI. Os soldados instalaram novos postos de controle depois de mais um atentado na terça-feira, quando 15 pessoas morreram, incluindo uma funcionária de 22 anos da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
"Os terroristas mudaram de tática e agora atacam os civis com mais frequência. Para proteger a população, o Exército vai assumir a segurança da cidade", declarou à AFP Attaullah Khogyani, porta-voz do governo de Nangarhar, que tem Jalalabad como capital.
"Os reforços militares foram enviados de províncias vizinhas. Receberão o apoio da Polícia e de outras forças de segurança", explicou Khogyani.
O presidente afegão, Ashraf Ghani, teve uma reunião de emergência por videoconferência com as autoridades civis e militares da região. Ghani quer a "garantia da segurança da população e das instituições civis", informaram fontes do governo.
O atentado de terça-feira contra a agência de refugiados não foi reivindicado por nenhum grupo. Os talibãs negaram o envolvimento no ataque, o que dá a entender de maneira implícita a autoria do EI.
No sábado, o EI atacou um centro de formação de parteiras, em uma ação que durou sete horas e terminou com três seguranças mortos.
Nos últimos meses foram registrados vários atentados suicidas em Jalalabad, alguns deles extremamente violentos, como o que matou 21 pessoas da comunidade sikh em 1º de julho.
A rendição na terça-feira de 150 combatentes do EI em Jawzan representa a derrota mais importante do grupo desde que estabeleceu sua presença no Afeganistão em 2015, afirmou o porta-voz militar da região Norte, Mohammad Hanif Rezaee.
Após o cessar-fogo de três dias de meados de junho entre o Exército e os talibãs, os principais atentados contra civis no Afeganistão aconteceram em Jalalabad e foram reivindicados pelo EI.
Em julho, os talibãs anunciaram que não cometeriam mais atentados suicidas nas cidades, se não pudessem evitar as vítimas civis.
Os insurgentes talibãs lutam atualmente contra o EI nas províncias setentrionais de Jawzan e Sar-e-Pul.