Rebeldes sírios: o pai de Mohammed Qataa acusa três homens, possivelmente estrangeiros que falavam em árabe clássico, que segundo ele detiveram seu filho e depois atiraram no adolescente. (AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2013 às 14h09.
Cairo - A execução de um adolescente em Alepo, supostamente por combatentes islamitas, despertou nesta segunda-feira e confusão sobre quem foi o autor do crime e polêmica com as promessas da oposição síria de que todos os crimes de guerra e as violações de direitos humanos serão julgados.
O caso ocorreu no sábado e ontem o Observatório Sírio de Direitos Humanos denunciou que combatentes de uma brigada islamita dispararam contra o jovem Mohammed Qataa, de 14 anos, que teria insultado o profeta Maomé.
A Coalizão Nacional Síria (CNFROS), maior grupo opositor, disse hoje que apesar da confusão, se o fato for confirmado, representa "um crime contra a humanidade e uma violação flagrante dos direitos humanos".
Em comunicado, o grupo afirmou que "qualquer violação dos tratados internacionais e qualquer tipo de crimes de guerra serão transmitidos à Justiça seja qual for a parte que os cometa".
Por outro lado, um dirigente de um grupo islamita de Alepo, que pediu anonimato, explicou à Agência Efe que o caso está sendo investigado, embora duvide de que tenha sido cometido por combatentes islamitas.
A fonte explicou que os combatentes islamitas em Alepo entregam os detidos aos tribunais religiosos, que ditam suas sentenças de forma aberta e em lugares públicos.
O dirigente disse ainda que, pelo estado de guerra, os tribunais religiosos aboliram a pena de morte salvo nos casos de traição.
No entanto, o Observatório acusou hoje um tribunal ligado ao grupo Estado Islâmico no Iraque e do Levante, vinculado com a organização terrorista Al Qaeda, de cometer a execução.
Esse "tribunal" é independente do sistema judiciário religioso unificado estabelecido em Alepo pela maioria dos movimentos islamitas que atuam na cidade e seus subúrbios, acrescentou o grupo.
O Observatório divulgou um vídeo com os testemunhos dos pais e do irmão pequeno da vítima, que narram o sucedido e acusam combatentes islamitas.
O pai de Mohammed Qataa acusa três homens, possivelmente estrangeiros que falavam em árabe clássico, que segundo ele detiveram seu filho e depois atiraram no adolescente.
De acordo com seu testemunho, estes homens escutaram uma briga entre Qataa e um homem, que desejava um café grátis. O adolescente disse que não daria o produto nem que Maomé estivesse presente, o que foi considerado um insulto ao profeta.
A presença de combatentes extremistas em território sírio foi denunciada por diversos grupos e despertou temores do Ocidente, que alega que esta radicalização da oposição ocorreu perante a indecisão de armar aos rebeldes.