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Exames de ultrassom diminuem número de mulheres na Ásia

Na maioria dos países, proporção é de 104 a 106 nascimentos de meninos para cada 100 nascimentos de meninas

Mulher passa por exame de ultrassom na Nova Délhi, Índia (AFP)

Mulher passa por exame de ultrassom na Nova Délhi, Índia (AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2011 às 12h22.

Hanói, Vietnã - O acesso maior à tecnologia que permite que os pais saibam o sexo de seus filhos antes do nascimento reduziu em 117 milhões o número de mulheres na Ásia, principalmente na China e Índia, anunciou a ONU nesta quinta-feira.

Essa tendência deve influenciar os países afetados por mais de 50 anos, principalmente por meio de uma redução do número de noivas para os homens chineses e indianos, apontaram especialistas durante uma conferência organizada por ONU e Vietnã em Hanói.

"Essa queda do nascimento de meninas reflete a preferência por meninos e o acesso maior à nova tecnologia de seleção de sexo", como o ultrassom, assinala um paper do UN Population Fund. Muitos pais recorrem a "abortos seletivos", destacou o demógrafo francês Christophe Guilmoto.

Na maioria dos países, a proporção é de 104 a 106 nascimentos de meninos para cada 100 nascimentos de meninas, "mas esse nível aumentou gradativamente nos últimos 25 anos em vários países asiáticos, principalmente na China e Índia", informou a ONU.

"A discriminação pós-natal - expressa no excesso de mortes de crianças do sexo feminino - ainda não foi eliminada totalmente em vários países, e reflete a negligência dos pais envolvendo as filhas mulheres", diz Guilmoto no paper.

Segundo a ONU, a preferência por meninos reflete as influências sócio-econômicas e tradições em que apenas os homens herdam propriedades e cuidam dos pais em sua velhice, enquanto as mulheres requerem dotes e deixam a família quando se casam.

Guilmoto assinalou que, mesmo se a proporção de nascimentos de ambos os sexos voltar ao normal dentro de 10 anos, os chineses e indianos continuarão tendo dificuldade para encontrar uma esposa durante décadas. "Esse desequilíbrio também levaria a um aumento rápido do número de solteiros, uma mudança importante em países onde quase todo mundo costumava se casar."

Na China, a maioria dos pais são proibidos de ter mais de um filho. "Lidar com as consequências demográficas do desequilíbrio entre os sexos e seu impacto na sociedade pode se tornar, em breve, o próximo desafio para os governos", indicou Guilmoto.

Heeran Chun, da Universidade Jungwon, da Coreia do Sul, disse que seu país foi o único a reduzir para níveis próximos da normalidade a proporção de nascimentos de homens e mulheres.

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