Cartaz com a foto de Michael Brown, assassinado por policial em Ferguson, EUA (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2014 às 14h52.
Washington - O jovem afro-americano Michael Brown, que foi morto por um policial na cidade de Ferguson, no estado americano do Missouri, em circunstâncias ainda não esclarecidas e que vêm gerando distúrbios e protestos há mais de uma semana, recebeu "pelo menos seis disparos, dois deles na cabeça", disse nesta segunda-feira o legista contratado por sua família.
Segundo o relatório preliminar da autópsia independente, Brown teria "sobrevivido" a todos os tiros, "exceto ao último, que acertou a cabeça", disse Michael M. Baden, ex-responsável de medicina legal da cidade de Nova York.
"Os tiros na cabeça foram provavelmente os últimos efetuados contra Michael Brown", afirmou Baden em entrevista coletiva em Ferguson, à qual compareceu acompanhado pelos advogados da família do jovem.
Brown, de 18 anos, foi baleado no dia 9 de agosto pelo policial identificado como Darren Wilson, mesmo estando desarmado.
As versões da polícia e das testemunhas são diferentes.
Baden acrescentou que os disparos "não foram feitos a curta distância" e que não havia "sinais de luta" no corpo de Brown. A versão policial alega que o jovem investiu contra o agente e que este precisou passar por atendimento médico devido às lesões sofridas no incidente.
Esta não será a última autópsia, já que o procurador-geral dos EUA, Eric Holder, ordenou que o pessoal médico federal faça uma segunda necropsia, "devido às circunstâncias extraordinárias que envolvem o caso e a pedido da família de Brown".
A morte do jovem, em um caso de aparente violência policial com conotações raciais, já que o agente que o matou era branco, vem gerando uma onda de protestos com distúrbios há cerca de uma semana. Várias pessoas ficaram feridas e dezenas foram detidas nesses incidentes, apesar do toque de recolher decretado pelo governador do Missouri, Jay Nixon.
O governador Nixon anunciou hoje a mobilização da Guarda Nacional para lidar com os distúrbios em Ferguson.
A ordem executiva assinada pelo governador, que já havia substituído a polícia local pela polícia rodoviária, assegura que a medida pretende restabelecer a paz e a ordem, assim como proteger os cidadãos de Ferguson.