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Ex-vice-presidente do Afeganistão promete resistir aos talibãs

Inimigo dos islamitas radicais que agora estão no comando do país, Saleh seguiu para a última região afegã que ainda não está sob controle dos talibãs: o vale de Panshir

O ex-vice-presidente Amrullah Saleh em Cabul, Afeganistão, em 4 de agosto de 2021 (AFP/AFP)

O ex-vice-presidente Amrullah Saleh em Cabul, Afeganistão, em 4 de agosto de 2021 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 17 de agosto de 2021 às 13h44.

Os talibãs assumiram o controle de quase todo Afeganistão, mas no vale de Panshir, ao nordeste de Cabul, um homem, o ex-vice-presidente Amrullah Saleh, promete seguir com a resistência.

Inimigo dos islamitas radicais que agora estão no comando do país, Saleh seguiu para a última região afegã que ainda não está sob controle dos talibãs: o vale de Panshir.

"Não vou decepcionar as milhões de pessoas que me ouviram. Nunca estarei sob o mesmo teto que os talibãs. NUNCA", escreveu em inglês no domingo em sua conta no Twitter antes de passar para a clandestinidade.

No dia seguinte apareceram nas redes sociais imagens do ex-vice-presidente com Ahmad Masud, filho do comandante Ahmed Shah Masud, assassinado em 2001 pela Al-Qaeda, juntos no vale de Panshir.

Masud anunciou na segunda-feira em um artigo publicado por uma revista francesa que será oposição aos talibãs e assumirá a luta pela liberdade liderada por seu pai, herói da resistência contra a União Soviética.

Os dois homens parecem estar definindo a primeira peça de uma rebelião contra o novo regime. Homens armados começaram a seguir para o vale de Panshir, uma zona de difícil acesso e que nunca passou ao controle dos talibãs: nem durante a guerra civil da década de 1990, nem durante a ocupação soviética, uma década antes.

"Resistiremos"

"Não permitiremos que os talibãs entrem em Panshir e resistiremos com todas as nossas forças", declarou à AFP um morador que preferiu permanecer no anonimato.

Para Saleh, natural de Panshir, esta seria a última de uma longa lista de batalhas. Este afegão lutou ao lado do comandante Masud na década de 1990. Depois integrou seu governo, que foi derrubado pelos talibãs em 1996, quando os insurgentes entraram em Cabul. Ele disse que os talibãs torturaram sua irmã para tentar retirá-lo de seu esconderijo. "Minha opinião dos talibãs nunca mudou", afirmou no ano passado em um artigo publicado pela revista Time.

Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, ele se tornou uma importante fonte de informação para a CIA.

Isto o levou, após a queda dos talibãs, a comandar, entre 2004 e 2010, a Direção de Segurança Nacional (NDS), a agência de inteligência afegã.

Continuar a luta

No cargo, ele criou uma ampla rede de espiões e infiltrados entre os talibãs, no Afeganistão e também no Paquistão, onde estão grande parte dos líderes insurgentes.
Desta maneira, segundo ele, reuniu provas de que os insurgentes continuavam sendo beneficiados pelo apoio do exército paquistanês, informação desmentida pelas Forças Armadas do país vizinho.

Sua ascensão à vice-presidência, no entanto, foi marcada por vários contratempos. Em 2010 foi demitido do cargo de diretor da NDS, após um humilhante ataque contra uma conferência de paz em Cabul.
Saleh se afastou da política por alguns anos, mas continuou atacando os talibãs e o Paquistão nas redes sociais.

Em 2018, ele foi ministro do Interior por alguns meses, depois de uma aliança com o presidente Ashraf Ghani, que no domingo fugiu do Afeganistão para o exterior. Assumiu a vice-presidência em 2019.

Saleh escapou de vários ataques talibãs, o mais recente em setembro de 2020, quando um carro-bomba explodiu na passagem de seu comboio e matou pelo menos 10 pessoas.

Horas depois do ataque, ele apareceu em um vídeo, com a mão esquerda enfaixada, e prometeu devolver cada golpe. "Continuaremos nossa luta", afirmou.

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