Joe Biden: ex-vice-presidente dos EUA é o favorito para conseguir a candidatura democrata à Casa Branca (Lucas Jackson/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de agosto de 2019 às 09h20.
Última atualização em 1 de agosto de 2019 às 15h12.
Washington — O ex-vice-presidente dos Estados Unidos e favorito — de acordo com as pesquisas — para conseguir a candidatura democrata à Casa Branca, Joe Biden, foi na quarta-feira, por conta de seu passado político, o foco dos ataques de seus companheiros de partido durante o debate presidencial.
Biden dividiu a plataforma do Fox Theatre, em Detroit (Michigan), na segunda noite do segundo debate democrata com os senadores Kamala Harris e Cory Booker, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e o ex-secretário de Habitação Julian Castro, além de outros cinco candidatos.
Embora o ex-vice de Barack Obama tenha sorteado a primeira parte do debate, centrada no sistema de saúde - a principal preocupação dos americanos -, o restante dos pré-candidatos mirou contra ele quando a conversa se voltou para a imigração.
Tudo começou quando Castro, antigo membro do Gabinete de Obama com Biden, defendeu a discriminação da entrada de imigrantes indocumentados nos EUA, ao qual o ex-vice-presidente se opõe.
"Secretário (Castro), nos reunimos em muitas reuniões e nunca o ouvi falar sobre nada disso", disse Biden, na ofensiva.
"Parece que um dos dois aprendeu com as lições do passado e outro não", respondeu Castro, único latino-americano entre os pré-candidatos, dizendo necessitar de "coragem" para lidar com a imigração.
"Tenho coragem suficiente para dizer que seu plano não faz sentido", disse o ex-vice-presidente.
Nesse momento, foi De Blasio quem questionou Biden pelo número de deportações de imigrantes indocumentados durante o governo Obama, superior as do atual presidente, Donald Trump, durante os dois primeiros anos de seu mandato.
Diante de um evasivo Biden, o prefeito de Nova York perguntou se ele fez alguma coisa para impedir as deportações.
"Eu era vice-presidente. Não presidente. Mantenho os meus conselhos em privacidade. Ao contrário do senhor, imagino que sairia e diria qualquer coisa falada em particular. Isso eu não faço", afirmou Biden, que defendeu as políticas de imigração de Obama, como regularização de forma temporária a jovens imigrantes conhecidos como "dreamers".
Foi o momento em que Booker comentou: "O senhor (Biden) invoca o presidente Obama mais do que ninguém nesta campanha. Não pode fazê-lo quando é conveniente e evitá-lo quando não é", disse.
A migração então deu lugar ao sistema de justiça criminal, um dos pontos fortes da campanha de Booker, que luta contra o encarceramento em massa no país.
Booker questionou Biden em seu papel como senador na promulgação de uma lei de justiça criminal de 1990, considerada agora como a origem do encarceramento em massa, particularmente das minorias raciais.
"Todos os problemas que ele está falando são problemas que ele criou", afirmou Booker.
Biden também recebeu ataques por suas posições atuais e passadas sobre a crise climática, acordos comerciais, discriminação racial e aborto.
Por sua parte, Kamala Harris, que também pontua nas pesquisas e se destacou no primeiro debate, realizado em junho, passou despercebida desta vez e até recebeu ataques da congressista Tulsi Gabbard por seu passado como procuradora-geral da Califórnia, onde apenas tentou se defender.
Além de Biden, Harris, Booker, Gabbard, De Blasio e Castro, os senadores Michael Bennet e Kirsten Gillibrand, o governador do estado de Washington, Jay Inslee, e o empresário Andrew Yang participaram do debate de hoje.
Depois de dois debates com 20 candidatos em cada um, o Partido Democrata endureceu os requisitos para participar do terceiro, que será realizado nos dias 12 e 13 de setembro, em Houston (Texas).
Até o momento, apenas sete candidatos foram garantidos no próximo debate: Biden, Sanders, Warren, Booker, Harris, o prefeito de South Bend (Indiana), Pete Buttigieg, e o ex-congressista texano Beto O'Rourke.