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Ex-vereador de GO diz que gravações da PF são "montagens"

Wladimir Henrique Garcez disse em depoimento à CPMI do Cachoeira que nunca entregou dinheiro ao atual governador de Goiás

O ex-vereador é apontado como um dos principais colaboradores de Cachoeira (foto), com o papel de facilitar as relações do grupo com agentes públicos (Agência Brasil)

O ex-vereador é apontado como um dos principais colaboradores de Cachoeira (foto), com o papel de facilitar as relações do grupo com agentes públicos (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2012 às 13h11.

Brasília - O ex-vereador de Goiânia Wladimir Henrique Garcez, preso pela Operação Monte Carlo, disse hoje (24) em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira que nunca entregou dinheiro ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e que as gravações feitas pela Polícia Federal no inquérito são "montagens".

Segundo ele, a ida à sede do governo de Goiás ocorreu para apresentar um sistema de propaganda indoor ao governador. "Nem sequer fui atendido", disse Wladimir. "Não ocorreu a fantasiosa entrega de dinheiro, na praça", destacou. "[As gravações] são montagens, e a ordem dos diálogos não é a mesma. Percebi muitas modificações", destacou.

Wladimir está preso desde o dia 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo, que investigou a suposta organização criminosa comandada pelo empresário de jogo ilegais Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. No inquérito, o ex-vereador é apontado como um dos principais colaboradores de Cachoeira, com o papel de facilitar as relações do grupo com agentes públicos.

O ex-vereador confirmou que era contratado pela empresa Delta Construção, suspeita de ligação com a organização investigada. Ele disse que trabalhava como assessor do então diretor regional da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Por esse trabalho, o ex-vereador recebia R$ 20 mil.

Wladimir também disse que recebia mensalmente de Carlinhos Cachoeira R$ 5 mil para assessorá-lo em sua empresa de medicamentos. O interesse tanto da Delta quanto do empresário Carlinhos Cachoeira no trabalho do ex-vereador, segundo seu depoimento, ocorreu pela proximidade que ele tinha ou aparentava ter com autoridades políticas em todas as esferas. Essas relações, segundo ele, foram construídas durante o tempo que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Goiânia. "Para me 'cacifar' eu demonstrava ter mais poder, mais força", contou o vereador.

Após ler o depoimento inicial, o ex-vereador evocou o direito de permanecer calado. Os deputados e senadores da CPMI cogitaram encerrar a reunião, no entanto, o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG) insistiu em formular perguntas ao depoente. A sessão prossegue neste momento no Senado.

Ainda hoje, estão previstos mais dois depoimentos, de Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, e do jornalista Jairo Martins de Souza. Ambos trabalhavam para Cachoeira. Jairo está em liberdade e Dadá foi preso na Operação Monte Carlo. O advogado dos dois, Leonardo Gagno, disse hoje que eles não devem responder a perguntas.

"Eles não vão falar, porque a matéria de prova está toda calcada em escutas telefônicas que nós sustentamos que são ilegais. Para seguir uma linha de defesa coerente, temos que nos manter em silêncio e exercer esse direito constitucional de não incorrer em autoincriminação. Isso serve para que eles possam preservar a defesa deles", disse o advogado.

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