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Ex-reféns nos EUA suportaram anos de isolamento e estupros

Segundo investigadores, moças passavam períodos amarradas e eram submetidas a jejum, agressões, violências sexuais e abortos


	Ariel Castro, acusado de manter 3 mulheres em cativeiro durante dez anos, aparece em tribunal em Cleveland, Ohio
 (John Gress/Reuters)

Ariel Castro, acusado de manter 3 mulheres em cativeiro durante dez anos, aparece em tribunal em Cleveland, Ohio (John Gress/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2013 às 10h32.

Cleveland - Um ex-motorista de ônibus escolar acusado de manter três moças como reféns por cerca de uma década deve comparecer nesta quinta-feira a um tribunal para ser formalmente indiciado por sequestro e estupro.

Enquanto duas mulheres eram recebidas por suas famílias e a terceira permanecia no hospital, as autoridades de Cleveland revelaram detalhes do isolamento e do brutal cativeiro das reféns, libertadas nesta semana.

Segundo investigadores, as moças passavam períodos amarradas ou acorrentadas, e eram submetidas a jejum, agressões físicas, violências sexuais e, no caso de uma delas, vários abortos induzidos deliberadamente pelo algoz.

O longo cativeiro terminou na segunda-feira, quando vizinhos ouviram gritos e ajudaram uma das reféns, Amanda Berry, a arrombar a porta e chamar a polícia.

Foram libertadas Berry, de 27 anos, desaparecida desde a véspera de completar 17 anos, em 2003; Gina DeJesus, de 23, que sumira em 2004; e Michelle Knight, de 32, que havia desaparecido em 2002. Foi encontrada também uma menina de 6 anos, que segundo a polícia é filha de Berry, concebida e nascida em cativeiro.

O acusado pelo sequestro, Ariel Castro, de 52 anos, trabalhava como motorista de ônibus escolar até ser demitido em novembro. Dois irmãos dele, de 50 e 54 anos, chegaram a ser detidos como suspeitos, mas foram liberados porque os investigadores concluíram que eles não participaram do crime e não tinham conhecimento do sequestro.

Mesmo assim, os dois irmãos devem comparecer na quinta-feira a um tribunal por causa de mandados de prisão relativos a duas outras infrações penais não relacionadas ao sequestro.


Berry contou à polícia que na segunda-feira teve a primeira chance de fugir em dez anos de cativeiro, graças a uma ausência momentânea de Castro.

Também ficou claro que a gravidez dela não foi um fato isolado, segundo o vereador local Brian Cummins, que teve acesso a informações policiais.

Cummins disse que uma das três mulheres --ele não sabe qual-- sofreu pelo menos cinco abortos induzidos por Castro, que fazia a moça grávida passar semanas sem se alimentar direito e batia na barriga dela.

A filha de Berry nasceu em uma piscina infantil inflável, no dia de Natal de 2006. Um exame vai determinar quem é o pai da criança.

As três mulheres eram mantidas por longos períodos no porão da casa, presas a correntes e cordas, e eventualmente passando fome, segundo Cummins. As autoridades descreveram a casa como precária.

Cummins disse que inicialmente as jovens ficavam em cômodos separados da casa, mas que depois Castro ganhou confiança a respeito do seu controle e permitiu que elas ficassem juntas.

As mulheres foram sequestradas separadamente, mas segundo a polícia, cada uma sabia da presença das outras, mesmo quando isoladas.

Segundo as autoridades, nos três casos o sequestro ocorreu quando as vítimas, então adolescentes, aceitaram caronas de Castro. Elas contaram também que só saíram da casa em duas ocasiões, disfarçadas com perucas e chapéus, para ir à garagem que fica separada da casa.

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