Sánchez Ceren: candidato declarou vitória após os resultados preliminares que apontavam sua vantagem e prometeu governar para trabalhadores e empresários (Henry Romero/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2014 às 10h15.
San Salvador - Um ex-guerrilheiro marxista e seu adversário de direita declaram-se vitoriosos na eleição presidencial de El Salvador, após resultados oficiais que apontaram uma estreita vantagem em favor do candidato de esquerda.
Salvador Sánchez Ceren, da governista Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) --que como grupo rebelde combateu uma série de governos pró-EUA na guerra civil de 1980 a 1992--, recebeu 50,11 dos votos na eleição de domingo, segundo os resultados preliminares.
O desafiante Norman Quijano, de 67 anos, ex-prefeito de San Salvador e candidato pela direitista Aliança Republicana Nacionalista (Arena), ficou com 49,89 por cento. Ele apontou fraude e disse ser o verdadeiro vencedor.
Apenas 6.634 votos separaram os dois, o que gera a perspectiva de contestações judiciais ao resultado e um mandato fraco para o vencedor.
"Não vamos permitir a fraude... Estamos 100 por cento convencidos de que vencemos", disse Quijano. "Não vão nos roubar a vitória. Vamos brigar, se necessário com as nossas vidas." A autoridade eleitoral havia dito anteriormente que a vantagem de Sánchez Ceren seria insuperável, mas não o declarou formalmente como vencedor, alegando que era preciso avaliar as impugnações de algumas urnas e aguardar a contagem definitiva.
Sánchez Ceren declarou vitória após os resultados preliminares que apontavam sua vantagem e prometeu governar para trabalhadores e empresários.
"Vamos governar para todos, para aqueles que votaram em nós e para os que não votaram", disse o atual vice-presidente, de 49 anos, a simpatizantes.
Sánchez Ceren havia tido 49 por cento dos votos no primeiro turno, em fevereiro, dez pontos percentuais a mais do que o rival. Como ficou a apenas um ponto percentual de evitar o segundo turno, era visto como amplo favorito para a votação de domingo.
Mas Quijano cresceu no último mês entre os conservadores moderados, ao retratar seu rival como um comunista com sangue nas mãos, disposto a promover uma guinada a esquerda e impor políticas radicais.
No primeiro turno, a principal promessa de campanha do opositor era colocar o Exército nas ruas para combater as quadrilhas conhecidas como "maras". Na reta final, ele alterou sua estratégia e passou a alertar para o risco de "venezuelização" de El Salvador.
Mas Sánchez Ceren - que é o nono filho de um carpinteiro e foi professor rural antes de aderir à guerrilha - e outros líderes da FMLN moderaram suas políticas desde os acordos de paz de 1992, quando a guerrilha virou partido político.
Se confirmada, a vitória de Sánchez Ceren dá um segundo mandato consecutivo à FMLN. O afável vice-presidente, de 69 anos, promete ampliar os programas sociais do atual presidente, Mauricio Funes, o que inclui a distribuição de um copo de leite por dia a crianças nas escolas, além de uniformes e materiais.
A FMLN diz que suas políticas sociais no governo Funes reduziram a pobreza de 40 para 29 por cento. Mas esses programas contribuíram com uma forte elevação na dívida nacional, e o crescimento econômico tem sido fraco.