Ortega acusou a Assembleia Constituinte da Venezuela de ter se tornado uma "inquisição" com poderes para perseguir e punir (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de agosto de 2017 às 12h58.
Brasília - A ex-procuradora-geral venezuelana Luisa Ortega afirmou nesta quarta-feira que vai encaminhar a autoridades do Brasil, dos Estados Unidos, do México, da Espanha e da Colômbia documentos referentes a investigações da Odebrecht conduzidas por ela na Venezuela antes de ser destituída do cargo, para garantir que as apurações tenham continuidade.
De passagem por Brasília, onde participou como visitante de um encontro de chefes de Ministérios Públicos do Mercosul, Ortega disse ter sofrido um processo de deposição sumário após começar a investigar casos de corrupção da empreiteira brasileira e outros envolvendo pessoas ligadas ou próximas ao alto escalão do governo do presidente Nicolás Maduro.
"A comunidade internacional tem que investigar esses casos", defendeu a ex-procuradora em entrevista coletiva, citando, por exemplo, que uma das empresas que estava sob investigação dela era de origem mexicana e responsável por atuar na distribuição de alimentos para a população venezuelana.
Ortega acusou a Assembleia Constituinte da Venezuela de ter se tornado uma "inquisição" com poderes para perseguir e punir qualquer pessoa que seja tida como de oposição ao regime encabeçado por Maduro.
A ex-procuradora-geral afirmou que na Venezuela não há Estado democrático e exortou os colegas da região a repudiarem ações arbitrárias como a que ocorre em sua terra natal, sob o risco de a prática se espraiar pelo continente.
"A Venezuela é o corredor da morte do Direito", afirmou.