Mundo

Ex-presidente marfinense se declara inocente em julgamento

O ex-presidente havia se recusado a entregar o poder após a eleição presidencial de 2010, desencadeando uma onda de violência que deixou 3.000 mortos


	Laurent Gbagbo: "Declaro-me inocente", disse Gbagbo, de 70 anos, depois que um oficial da corte leu as acusações de Haia
 (Peter Dejong / Reuters)

Laurent Gbagbo: "Declaro-me inocente", disse Gbagbo, de 70 anos, depois que um oficial da corte leu as acusações de Haia (Peter Dejong / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 10h58.

O ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo declarou nesta quinta-feira ser inocente das acusações de crimes contra a humanidade, no início do primeiro julgamento do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra um ex-chefe de Estado.

"Declaro-me inocente", disse Gbagbo, de 70 anos, depois que um oficial da corte leu as acusações de Haia contra o ex-chefe de Estado, que foi preso há cinco anos.

O ex-presidente do principal produtor de cacau do mundo havia se recusado a entregar o poder após a eleição presidencial de 2010, desencadeando uma onda de violência que deixou 3.000 mortos e terminou em abril do ano seguinte, quando foi preso após vários dias de bombardeios das forças francesas.

Junto com Gbagbo, é julgado o ex-chefe de milícias Charles Blé Goudé, de 44 anos, cujas tropas são acusadas de centenas de execuções e abusos.

"O objetivo deste processo é descobrir a verdade para que as vítimas recebam justiça", declarou na quarta-feira o procurador Fatou Bensouda, que nesta quinta-feira deveria fazer sua primeira apresentação diante dos juízes.

Os representantes de 726 vítimas admitidas no julgamento vão depor sucessivamente. Em seguida, será a vez da defesa de se pronunciar neste julgamento que poderia durar até quatro anos.

A promotoria afirma dispor de 138 testemunhas (embora nem todas serão levadas perante o tribunal) e mais de 5.300 peças de evidência.

Apoio a Gbagbo

Na manhã desta quinta-feira, quando a audiência era iniciada, várias centenas de partidários do ex-chefe de Estado já estavam reunidos em frente ao prédio do TPI.

Vestindo lenços, chapéus e outros adereços com as cores da bandeira da Costa do Marfim (verde, branco e laranja) e ao ritmo de tambores com ritmos africanos, os manifestantes enfrentaram a manhã fria holandesa e reivindicavam, alternadamente, "Libertem Gbagbo! " e "Gbagbo presidente".

O ex-presidente é acusado de incentivar a campanha de violência para tentar se manter no poder depois de perder as eleições.

Seu tenente Charles Blé Goudé é acusado de comandar esquadrões da morte acusados de estuprar e matar centenas de pessoas.

Mas os partidários de Gbagbo acusam os outros partidos e a França, antiga potência colonial, de estarem por trás de um "complô" para derrubá-lo.

"Sonhamos em ver em liberdade o nosso presidente", disse à AFP Marius Boué, que viajou para Haia do norte da França.

Para Abel Naki, um dos organizadores da manifestação em frente ao TPI, Laurent Gbagbo foi "sequestrado e deportado".

"Este fato "nos lembra os anos de escravidão e o colonialismo. A verdade vai prevalecer sobre a mentira", afirmou o manifestante.

A esposa de Gbagbo, Simone, foi condenada na Costa do Marfim a 20 anos de prisão por sua participação na crise.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaCosta do MarfimCrimeGoverno

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado