Sarkozy no julgamento nesta segunda-feira: a pena do líder conservador francês foi menor do que o pedido da acusação (Gonzalo Fuentes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de março de 2021 às 11h37.
Última atualização em 1 de março de 2021 às 13h56.
O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi condenado a três anos de prisão nesta segunda-feira, 1º de março. O caso remonta a um período anos depois de sua presidência, em 2014, quando Sarkozy teria oferecido arrumar um emprego a um magistrado em troca de informações privilegiadas sobre investigações a seu respeito.
O Tribunal Criminal de Paris considerou Sarkozy culpado pelos crimes de corrupção e tráfico de influência, no que ficou conhecido como "caso da escuta telefônica". O veredicto foi apresentado no começo da tarde, manhã pelo horário de Brasília.
Sarkozy foi condenado a três anos de prisão, com dois anos em suspenso e só um ano na prisão efetivamente. A defesa do ex-presidente tem dez dias para recorrer.
No entanto, pelo sistema judiciário francês, é improvável que o presidente seja de fato preso diante da pena curta - no geral, é incomum que os acusados sejam encarcerados se a sentença é de menos de dois anos.
O tribunal considerou que houve um "pacto de corrupção" entre Sarkozy, o advogado Thierry Herzog e o ex-juiz Gilbert Azibert, pelos mesmos crimes. Os dois receberam a mesma pena do ex-presidente, tendo Herzog recebido uma punição adicional de proibição de exercer a advocacia por cinco anos.
A pena do líder conservador francês foi menor do que o pedido da acusação. Durante o julgamento, a promotoria pediu que o político de 66 anos fosse condenado a quatro anos, dos quais deveria cumprir pelo menos dois na prisão.
Durante seu testemunho, o ex-presidente disse que foi vítima de mentiras e negou a prática de qualquer ato de corrupção. "Nunca. Nunca abusei da minha influência, alegada ou real", disse ele ao tribunal em dezembro passado. "Que direito eles têm de me arrastar através da lama assim por seis anos? Não há lei?".
Sarkozy foi presidente da França entre 2007 e 2012. A condenação, embora não deva resultar em prisão efetiva, é mais um momento de crise para o ex-presidente francês, cuja carreira política vem em queda desde que não conseguiu garantir a reeleição no pleito de 2012.
O caso pelo qual o ex-presidente foi condenado se iniciou em meio a uma outra investigação, sobre o suposto financiamento da Líbia - na época governada pelo ditador Muammar Kadafi - na campanha de Sarkozy em 2007.
Por meio de uma escuta telefônica, os promotores identificaram um diálogo entre Sarkozy e seu advogado Thierry Herzog. Segundo a acusação, o ex-presidente teria se oferecido para garantir um emprego em Mônaco para o juiz Gilbert Azibert, principal magistrado do Tribunal de Apelações da França na época, em troca de informações confidenciais.
Sarkozy queria informações sobre uma terceira investigação, que apurava supostos pagamentos ilegais da herdeira Liliane Bettencourt, da L'Oreal, em sua campanha presidencial de 2007.
Sarkozy foi acusado de ter se aproveitado da senilidade mental de Bettencourt para obter doações acima do teto legal para sua campanha. A denúncia contra o ex-presidente nesse processo foi arquivada em 2013.
(Com agências internacionais)