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Ex-presidente egípcio Hosni Mubarak tem câncer, diz advogado

Segundo advogado do ex-ditador, os tumores estão no estômago e se multiplicam

Mubarak foi expulso do poder em 11 de fevereiro por uma revolta popular após três décadas no poder (Jim Watson/AFP)

Mubarak foi expulso do poder em 11 de fevereiro por uma revolta popular após três décadas no poder (Jim Watson/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 19h40.

Cairo - O ex-presidente egípcio, Hosni Mubarak, cujo julgamento pela sangrenta repressão de manifestantes e corrupção deve começar em agosto, sofre de um câncer no estômago, declarou esta segunda-feira à AFP seu advogado, Farid Al Dib.

Mubarak "tem um câncer de estômago e os tumores se multiplicam", afirmou.

O ex-chefe de Estado, de 83 anos, hospitalizado desde 13 de abril devido a problemas cardíacos surgidos durante um interrogatório, sofreu em março de 2010 uma ablação da vesícula biliar e teve retirada um pólipo do duodeno em uma clínica de Heidelberg, na Alemanha.

Persistentes rumores circulavam a respeito, mas trata-se da primeira confirmação formal de que Mubarak tem câncer.

"Devia seguir um tratamento, mas não foi o caso", acrescentou Al Dib.

O promotor-geral egípcio Abdel Meguid Mahmud, que havia solicitado a transferência do ex-presidente a uma prisão, havia anunciado no fim de maio que seu estado de saúde não o permitia.

Mahmud havia encarregado a uma equipe de médicos examinar o ex-presidente para estabelecer se podia deixar o hospital internacional de Sharm el Sheik, às margens do Mar Vermelho, por um hospital carcerário.

Estes médicos afirmaram que Mubarak estava frágil, deprimido e corria riscos de sofrer de crise cardíaca.

Haviam destacado, ainda, a presença de "tumores" nas vias biliares e no pâncreas, mas não estava claro se haviam sido operados em março de 2010 na Alemanha ou se persistiam.

Al Dib havia dito ao canal americano CNN que Mubarak estava "com a saúde muito ruim" e que tinha "graves problemas de coração e complicações em seu estômago depois da operação a que foi submetido na Alemanha no ano passado".

Mubarak, de 83 anos, foi expulso do poder em 11 de fevereiro por uma revolta popular após três décadas no poder. Segundo o balanço oficial, 846 pessoas morreram durante os 18 dias que durou a revolta que levou à sua demissão.

Se for declarado culpado, pode ser condenado à pena de morte, segundo o ministro da Justiça Abdel Azis Al Guindi.

Seu advogado negou que o ex-presidente tivesse dado a ordem para usar a força ou balas verdadeiras contra os manifestantes, mas o ex-chefe dos serviços de inteligência, Omar Suleiman, assegurou que ele tinha "pleno conhecimento de cada bala disparada".

Seus filhos, Alaa e Gamal, estão em prisão provisória em uma prisão do Cairo e devem ser julgados no mesmo processo, programado para começar em 3 de agosto. Quanto à sua esposa, Suzanne, foi libertada sob fiança depois de ter apresentado bens no valor de quatro milhões de dólares ao Estado.

Outros ex-dirigentes e empresários são investigados atualmente por corrupção ou por sua responsabilidade nas violências de janeiro e fevereiro. Alguns já foram condenados.

A promotoria de Paris abriu, esta terça-feira, um sumário contra Mubarak por lavagem de dinheiro com a finalidade de identificar e congelar seus bens na França.

Na semana passada, Khaled Selim, um dos responsáveis pela investigação sobre a fortuna de Mubarak, havia considerado "extremamente difícil" conseguir informações do ex-presidente, a quem qualificou como um mestre "na arte da evasão".

Cifras diversas circulam sobre a fortuna de Hosni Mubarak, estimada entre um milhão de dólares, segundo seu advogado, e várias dezenas de bilhões de dólares.

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