Alan García: a atitude apresentada e as duras mensagens contra a corrupção estavam diretamente dirigidas à situação de Toledo, foragido da justiça peruana (Ho/AFP)
EFE
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 17h33.
Lima - O ex-presidente peruano Alan García prestou depoimento nesta quinta-feira à promotoria como testemunha de um dos supostos casos de corrupção que envolvem a empreiteira Odebrecht "sem temor" ser implicado e como contraponto do fugitivo Alejandro Toledo, alvo de um mandado de busca e captura por ter recebido propinas da empresa.
O depoimento do ex-mandatário foi acompanhado com muita atenção pela imprensa local, para a qual García insistiu que não tem medo de se envolver no escândalo e disse não poder mais estar disposto a qualquer convocação legal ou parlamentar.
Apesar das diversas demonstrações de "não querer dar lições a ninguém" com esse depoimento, a atitude apresentada e as duras mensagens contra a corrupção estavam diretamente dirigidas à situação de Toledo, foragido da justiça peruana desde que na semana passada um juiz ordenou sua captura por supostamente ter recebido dinheiro de Odebrecht para facilitar seus negócios no país.
Toledo, que presumivelmente está nos Estados Unidos, supostamente recebeu US$ 20 milhões para conceder à empresa a construção da estrada Interoceânica, um dos maiores projetos de infraestrutura do país.
"(Com o depoimento) cumpro assim meu dever como ex-presidente e cidadão perante qualquer tema e convocação legal às quais sempre atenderei para que todo corrupto seja punido. Alheio a subornos e propinas, acredito que a única riqueza para um político é a honra de servir ao povo e representar a nação", afirmou García em comunicado lido à imprensa.
A promotoria anticorrupção convocou o ex-mandatário para depor sobre as supostas irregularidades na licitação da construção do Gasoduto Sul Peruano a respeito da ex-primeira-dama Nadine Heredia, esposa do ex-presidente Ollanta Humala.
García insistiu que esse foi um projeto aprovado fora de seu mandato e que foi modificado em relação ao plano original para ser superfaturado e favorecer as empresas operadoras a um alto custo para o Estado.
"Devem ser investigadas as circunstâncias pelas quais se mudaram os termos do contrato, taxando o povo peruano", declarou García.
García esteve fora do Peru nos últimos meses, após as delações da Odebrecht de ter pago propinas de US$ 29 milhões no Peru entre 2005 e 2014, período que compreende os governos de Toledo, García e Humala.