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Alan García, ex-presidente do Peru, comete suicídio após ordem de prisão

Alan García era investigado por crimes de corrupção vinculados com o caso Odebrecht

Alan García foi presidente do Peru entre 1985-1990 e 2006-2011 (Guadalupe Pardo/Reuters)

Alan García foi presidente do Peru entre 1985-1990 e 2006-2011 (Guadalupe Pardo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 17 de abril de 2019 às 12h47.

Última atualização em 17 de abril de 2019 às 14h36.

Lima — O ex-presidente peruano Alan García morreu em um hospital de Lima, nesta quarta-feira, após atirar na cabeça enquanto a polícia chegava à residência dele para prendê-lo por ligação com caso de suborno e corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht, disseram autoridades.

García tinha 69 anos.

Habilidoso orador que governou o país por dois mandatos -- primeiro como político de esquerda e, depois, como campeão dos investimentos estrangeiros e livre comércio --, García enfrentava acusações de corrupção nos últimos anos, que negava repetidamente.

Ele foi uma das nove pessoas cuja prisão foi ordenada por um juiz devido a ligação com subornos distribuídos pela empreiteira Odebrecht, que desencadeou o maior escândalo da América Latina ao admitir publicamente em 2016 que subornou políticos e autoridades políticas para ganhar contratos lucrativos na região.

Membros do partido de García anunciaram o falecimento para multidões reunidas do lado de fora do hospital Casimiro Ulloa, onde o ex-presidente sofreu três paradas cardíacas e passou por uma cirurgia de emergência.

O presidente do Peru, Martín Vizcarra, disse no Twitter que estava "consternado" com a morte de García e manifestou condolências aos membros da família.

García governou o país como nacionalista de 1985 a 1990 antes de se transformar em um defensor do livre mercado e ganhar um novo mandato de cinco anos em 2006.

Ele negava irregularidades envolvendo a Odebrecht, alegando perseguição política como motivo de seus problemas legais.

"Outros podem se vender, mas eu não", afirmou García em comentários transmitidos na terça-feira, repetindo uma frase que usou com frequência quando seus inimigos políticos se envolveram na investigação da Odebrecht.

O ministro do Interior, Carlos Morán, disse em uma coletiva de imprensa antes da morte de García que o ex-presidente comunicou à polícia que precisava ligar para seu advogado após as autoridades chegarem a sua casa em Lima para prendê-lo.

"Ele entrou em seu quarto e fechou a porta atrás dele", disse Morán. "Em alguns minutos, um disparo de uma arma foi ouvido, e a polícia entrou à força no quarto e encontrou o Sr. García sentado com uma ferida em sua cabeça."

No ano passado, García pediu asilo político ao Uruguai após ser impedido de deixar o Peru. O Uruguai negou o pedido.

García seria o terceiro ex-presidente peruano a ir preso pelo caso Odebrecht. Em 2017-2018, Ollanta Humala passou nove meses em detenção pré-julgamento e Pedro Pablo Kuczynski foi preso sem acusações na semana passada.

Um quatro ex-presidente, Alejandro Toledo, está lutando contra extradição na Califórnia depois que um juiz peruano ordenou sua detenção por 18 meses em ligação ao caso Odebrecht em 2017.

Todos negaram envolvimento com a empreiteira brasileira.

No Peru, suspeitos criminais podem ser condenados a até três anos de prisão antes do julgamento caso os promotores demonstrem que têm provas que provavelmente levariam a uma condenação, e o suspeito possivelmente fugiria ou tentaria interferir na investigação.

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