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Ex-presidente do México nega ter dado vantagens à Odebrecht

Calderón foi relacionado com a corrupção da Odebrecht em uma investigação realizada por uma ONG

Odebrecht: a construtora admitiu ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que pagou US$ 10,5 milhões em propinas no México (Dado Galdieri/Bloomberg)

Odebrecht: a construtora admitiu ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que pagou US$ 10,5 milhões em propinas no México (Dado Galdieri/Bloomberg)

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EFE

Publicado em 6 de março de 2017 às 22h25.

Cidade do México - O ex-presidente do México Felipe Calderón negou nesta segunda-feira ter dado vantagens indevidas à Odebrecht por causa de reuniões realizadas durante seu governo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diretores da empresa.

Calderón foi relacionado com a corrupção da Odebrecht em uma investigação realizada por uma ONG.

Em dezembro do ano passado, a construtora admitiu ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que pagou US$ 10,5 milhões em propinas no México.

"Faço votos para que a ONG Mexicanos contra a Corrupção e a Impunidade (MCCI) possa aprofundar a investigação e revelar o ocorrido em nosso país. E, se for o caso, que se determinem as responsabilidades correspondentes", afirmou Calderón em carta enviada à ONG.

A companhia Petróleos Mexicanos (Pemex) e o governo do país anunciaram no fim de 2016 o início de uma "minuciosa análise" para descobrir quem recebeu pagamentos da Odebrecht.

A investigação da MCCI, liderada por Daniel Lizárraga e Raúl Olmos, denuncia que, durante o governo de Calderón (2006-2012), executivos da Odebrecht realizaram pelo menos uma reunião entre os então presidentes de Brasil e México.

"Essa prova foi considerada relevante pelo juiz brasileiro Sérgio Moro em uma das investigações contra Lula por supostamente ter atuado em interesse da Odebrecht", afirma o documento da MCCI.

A investigação da ONG começou com um e-mail enviado por Roberto Prisco Ramos, então diretor da Braskem, filial da Odebrecht, que estava prestes a fechar um milionário negócio por uma usina no estado de Veracruz, no leste do México.

Prisco Ramos foi detido temporariamente pela Polícia Federal do Brasil, mas libertado posteriormente pela Justiça.

Na mensagem que enviou a Alexandrino Alencar, acusado de ser o responsável pelo pagamento de propinas no exterior, Prisco Ramos pedia que o ex-executivo da Odebrecht fizesse "um esforço para que LILS (sigla com as iniciais de Lula) aceite um convite especial de Calderón para ir ao México no início de fevereiro".

De acordo com o relatório da ONG, Prisco Ramos foi um dos responsáveis de pactuar o pagamento de propinas no México e os e-mails pessoais do diretor foram usados como provas para acusação do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.

"Essa empresa ganhou contratos com a Pemex derivados de quatro grandes obras por mais de US$ 2 bilhões e não só por US$ 39 milhões como declararam seus executivos, justo durante a época (2010-2014) em que pagaram US$ 10,5 milhões a funcionários no México", aponta o relatório da ONG que acusa Calderón de envolvimento.

No dia 23 de fevereiro de 2010, dois meses e meio depois do e-mail de Prisco Ramos, Calderón e Lula se reuniram no México.

Em comunicado conjunto depois do encontro, os dois celebraram o investimento de US$ 2,5 bilhões da mexicana Idesa e da Braskem no Etileno XX, o maior complexo petroquímico da América Latina, inaugurado no ano passado.

O encontro foi seguido de várias reuniões de Calderón com altos executivos da Odebrecht, todos eles divulgados pela presidência.

"Em nenhum caso as reuniões com o presidente do Brasil ou com os investidores implicaram em acordos à margem da lei ou que garantissem vantagens indevidas. A insinuação de propina é absolutamente inaceitável", disse Calderón na carta.

O ex-presidente explicou que os encontros foram realizados como "esforço de promoção de investimentos" e foram iguais a outros que ocorreram com firmas como PepsiCo, Coca-Cola e Ternium.

Além disso, Calderón criticou a forma como a investigação é apresentada, já que "procura semear dúvidas sobre minha possível participação em atos de corrupção ou fora da lei".

O ex-presidente mexicano disse ter conhecido o caso Odebrecht pela imprensa. Ele respondeu um questionário com 18 perguntas enviado pela ONG sobre o caso. As respostas foram divulgadas pela MCCI junto com o relatório da investigação.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoMéxicoNovonor (ex-Odebrecht)

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