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Ex-presidente do Egito, Mursi é enterrado; ONU pede investigação

A ONU pediu uma investigação "minuciosa e independente" sobre a morte de Mursi, 67, após passar seis anos na prisão

Mohamed Mursi: ex-presidente do Egito morreu subitamente durante audiência (Murad Sezer/Reuters)

Mohamed Mursi: ex-presidente do Egito morreu subitamente durante audiência (Murad Sezer/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de junho de 2019 às 14h51.

O primeiro presidente eleito democraticamente do Egito, Mohamed Mursi, foi enterrado discretamente nesta terça-feira (18), no Cairo. Ao mesmo tempo, aumentam os pedidos por uma investigação sobre as causas de sua morte, após ele ter desmaiado durante uma audiência.

A ONU pediu uma investigação "minuciosa e independente" sobre a morte, aos 67 anos, do ex-chefe de Estado, após passar seis anos na prisão.

"Toda morte repentina na prisão deve ser seguida de uma investigação rápida, imparcial, minuciosa e transparente por um órgão independente para esclarecer a razão do falecimento", declarou o alto comissário da ONU para os direitos Humanos, Rupert Colville.

"É preciso verificar se as condições de detenção tiveram impacto em sua morte", considerou.

Mursi foi sepultado nesta terça-feira em Medinat Nasr, um bairro da cidade do Cairo.

"Ele estava na presença de sua família. As orações fúnebres ocorreram no hospital da prisão de Tora", para onde o ex-presidente foi levado após desmaiar no tribunal, disse o advogado Abdelmoneim Abdel Maksud.

 

Ele explicou que parentes lavaram o corpo e rezaram os últimos ritos na manhã de terça-feira no Hospital Leeman Tora.

O centro médico fica perto da penitenciária na qual o primeiro presidente civil do Egito, uma figura de destaque da Irmandade Muçulmana, ficou preso durante seis anos em regime de isolamento, o que deteriorou sua saúde.

Maksud disse à AFP que o enterro contou com a presença de apenas dez membros da família e de algumas pessoas muito próximas a Mursi.

Os jornalistas foram impedidos de entrar no cemitério, que fica na mesma área em que aconteceu o maior massacre da história moderna do Egito, a repressão de agosto de 2013 de um protesto islamita na Praça Rabaa, semanas depois da destituição de Mursi pelo exército. Mais de 800 pessoas morreram em apenas um dia.

Segundo fontes das forças de segurança e judiciais, o ex-presidente depôs no tribunal antes de desmaiar. Ele chegou a ser levado para um hospital, onde faleceu. A rede de televisão estatal informou que a morte foi causada por parada cardíaca.

"O tribunal concedeu o direito de falar durante cinco minutos. Ele caiu no chão e foi levado rapidamente para o hospital, onde morreu", afirmou o Ministério Público em um comunicado. "Chegou a o hospital exatamente às 16h50 e não tinha ferimentos visíveis no corpo", completa a nota.

HRW e AI pedem investigação sobre morte de Mursi

A Anistia Internacional (AI) pediu às autoridades egípcias a abertura de uma "investigação imparcial, exaustiva e transparente" sobre a morte.

A Human Rights Watch (HRW) fez o mesmo pedido e afirmou que Mursi sofreu com anos de "acesso insuficiente ao atendimento médico".

"O Conselho de Direitos Humanos da ONU deveria estabelecer uma investigação sobre as graves violações dos direitos humanos que estão acontecendo no Egito, incluindo os maus-tratos generalizados nas prisões e a morte de Mursi", afirmou a HRW.

Em março de 2018, um grupo de parlamentares britânicos advertiu que as condições de detenção de Mursi não cumpriam com as normas internacionais e poderiam levar a sua "morte prematura". Outros líderes da Irmandade Muçulmana também faleceram sob custódia.

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