Maldivas: Abdulla Yameen é acusado de ter tentado subornar uma testemunha (Narendra Shrestha/Getty Images)
EFE
Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 12h20.
Última atualização em 18 de fevereiro de 2019 às 12h21.
Malé — O ex-presidente maldivo Abdulla Yameen foi detido nesta segunda-feira depois que um juiz ordenou sua prisão preventiva por supostamente tentar subornar uma testemunha por um caso de desvio de US$ 90 milhões de uma companhia estatal.
O juiz Ahmed Hailam aceitou o pedido da Procuradoria do arquipélago e ordenou a detenção de Yameen até a conclusão do caso, que pode se tornar o maior escândalo de corrupção no arquipélago, comprovou a Agência Efe durante a audiência do ex-mandatário.
O ex-presidente, que perdeu as eleições gerais de setembro após uma grave crise institucional e política, foi detido pela polícia ao término da audiência preliminar ao julgamento.
Yameen é acusado de se beneficiar do desvio de cerca de US$ 90 milhões obtidos pela Corporação de Marketing e Relações Públicas (MMPRC) através do arrendamento de ilhas e lagoas.
A quantidade roubada foi supostamente lavada por uma companhia chamada SOF, dedicada a vários tipos de negócios relacionados com hotelaria e organização de eventos, a mesma que supostamente transferiu US$ 1 milhão à conta do Yameen no Banco Islâmico das Maldivas.
O ex-presidente, que negou todas as acusações, tentou subornar testemunhas da investigação para que mudassem suas declarações, de acordo com as acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral das Maldivas, Aishath Bisham.
O advogado de Yameen, Abbas Shareef, afirmou à Efe que recorrerá da detenção preventiva diante de um tribunal superior.
A Comissão Anticorrupção, encarregada da investigação do caso, "foi incapaz de provar que o valor transferido pelo SOF à conta de Yameen seja dinheiro público obtido graças à corrupção", disse Shareef.
Há um ano, a decisão do Supremo Tribunal de reabilitar nas suas cadeiras 12 parlamentares contrários ao Governo de Yameen e anular as sentenças contra nove líderes opositores desencadeou uma crise institucional e política no país.
O então presidente decidiu não acatar a decisão do principal órgão judicial e em fevereiro do ano passado declarou estado de emergência, ao assegurar que o presidente do Supremo, Abdulla Saeed, e o ex-ditador Maumoon Abdul Gayoom tinham orquestrado um golpe de Estado para derrocá-lo.
A situação mudou inesperadamente durante as eleições de setembro com a vitória da oposição, liderada pelo atual presidente, Ibrahim Mohammed Solih.