Yingluck Shinawatra: ex-premiê foi deposta após uma polêmica sentença do Tribunal Constitucional em 2014 (Athit Perawongmetha/Reuters)
EFE
Publicado em 25 de agosto de 2017 às 08h42.
Bangcoc - A Suprema Corte da Tailândia adiou nesta sexta-feira a leitura da sentença por suposta negligência contra a ex-primeira-ministra do país, Yingluck Shinawatra, pois a mesma não compareceu à audiência alegando estar doente.
O tribunal marcou para 27 de setembro a audiência de leitura da sentença e emitiu uma ordem de prisão contra Yingluck, depois que seu advogado não apresentou nenhum documento que comprovasse seu estado de saúde.
A ex-governante é acusada de negligência na supervisão de um plano de subsídios aos produtores de arroz que, segundo a comissão anticorrupção, causou perdas de 600 bilhões de bahts (US$ 18,3 bilhões) e fomentou a corrupção.
Yingluck afirma que é inocente e se diz vítima de um jogo político. A ex-premiê enfrenta uma pena de 10 anos de prisão, que pode ficar em suspensão condicional (sursis), e uma multa de 35,7 bilhões de baht (cerca de US$ 1 milhão) em conceito de indenização.
Centenas de seguidores se concentraram nos arredores do tribunal para mostrar seu apoio à ex-governante, apesar das fortes medidas de segurança, que contou com um dispositivo com aproximadamente 4 mil policiais e militares.
Yingluck foi deposta após uma polêmica sentença do Tribunal Constitucional, acusada de abuso de poder por influenciar na substituição de um funcionário do primeiro escalão, poucos dias antes de os militares tomarem o poder através de um golpe de Estado em maio de 2014.
Em 2015, a Assembleia Nacional escolhida a dedo pelos militares golpistas desabilitou Yingluck de forma retroativa para exercer qualquer atividade política durante cinco anos, pela mesma acusação de negligência no plano de subsídios.
Yingluck chegou ao governo em 2011 após vencer as eleições com maioria absoluta, à frente de um dos partidos criados por seu irmão e ex-premiê, Thaksin Shinawatra, deposto em um golpe em 2006 e que vive em Dubai desde 2008, em uma espécie de autoexílio para evitar uma condenação de dois anos por abuso de poder.
As plataformas políticas ligadas a Thaksin ganharam todas as eleições na Tailândia desde 2001 graças ao apoio da classe rural do nordeste do país, e mesmo com a oposição de grande parte da classe média e das elites ligadas à monarquia e ao exército.