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Ex-modelo ajuda russos a fugirem após convocação de Putin para guerra na Ucrânia

Em entrevista ao jornal britânico Metro, a ex-modelo, que tem nacionalidade russa e britânica, contou que decidiu ajudar os migrantes a escaparem do que chamou de o maior erro de Putin

"Estamos apenas tentando tirar o máximo de pessoas possível", disse a modelo (Will & Deni McIntyre/Getty Images)

"Estamos apenas tentando tirar o máximo de pessoas possível", disse a modelo (Will & Deni McIntyre/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de outubro de 2022 às 18h08.

Depois que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a convocação de 300 mil reservistas para lutarem na guerra da Ucrânia, a ex-modelo Ksenia Maximova passou a ajudar os milhares de russos que tentam fugir do país.

Filas se formaram e voos se esgotaram nas fronteiras da Rússia com os países vizinhos como Polônia, Geórgia e Casaquistão por medo de serem recrutados, com casos de russos chegando de barco até o Alasca.

Em entrevista ao jornal britânico Metro, a ex-modelo, que tem nacionalidade russa e britânica, contou que decidiu ajudar os migrantes a escaparem do que chamou de o maior erro de Putin. "Estamos apenas tentando tirar o máximo de pessoas possível", disse.

"As últimas duas ou três semanas foram loucas. As passagens de avião esgotaram quase que instantaneamente, as pessoas estão saindo com uma mala e pronto. Eles estão levando seus filhos e seus animais de estimação e deixando o país."

Maximova é uma voz crítica de Putin no Reino Unido, já tendo inclusive participado de uma campanha internacional de apoio ao principal opositor do presidente russo, Alexei Navalni, atualmente preso. Ela é diretora da Russian Democratic Society, grupo de apoio à Ucrânia formado logo após a invasão russa.

Ela conta que iniciou uma arrecadação de fundos para pagar abrigos nos países de recebimento. "Só o Casaquistão recebeu 200.000 pessoas e claramente eles não têm recursos para esse tipo de número, não são o país mais rico do mundo", relatou.

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"Eles estão ficando sem comida e água e esperando por dias no trânsito com temperaturas congelantes à noite enquanto tentam cruzar as fronteiras. Estamos tentando organizar ajuda financeira, psicológica e jurídica para eles", disse.

Putin anunciou a primeira grande mobilização nacional em 21 de setembro em meio aos reveses que o país vinha sofrendo na Ucrânia. Embora Putin tenha dito que a medida visava convocar cerca de 300 mil homens com serviço militar anterior, muitos russos temem que seja mais amplo.

Não se sabe o número exato de russos que fugiram desde o pronunciamento presidencial, mas relatórios da imprensa local e ocidental variam entre 200 mil e 700 mil. A Rússia nega esses dados ou qualquer informação sobre um suposto êxodo, pelo contrário, o ministro da Defesa Sergei Shoigu, afirma que mais de 200 mil russos já se apresentaram para a mobilização.

"Criamos uma rede com pessoas na Rússia e estamos em contato com ativistas, voluntários e ONGs no local, conectando-os com pessoas desses países. Também temos que pensar em transferir essas pessoas para outro lugar, porque elas não podem ficar nesses países para sempre. No momento é muito difícil porque não há muitos países que permitem a entrada de russos sem visto", continuou a ex-modelo que agora atua como agente de fotografia e produtora no Reino Unido.

Ela também fez críticas diretas a Putin. "Como todos os ditadores, ele é completamente desligado da realidade e não é um político muito inteligente. Eu amo meu país e tive que vê-lo destruí-lo e criar danos que levarão centenas de anos para serem reparados. Ele criou uma bagunça imensa."

"Putin e todos os seus comparsas poderiam ter continuado ricos e continuado a roubar, mas cometeram o maior erro tático de todos os tempos. No final, ele não tem base, já que as pessoas realmente não o apoiam. É tudo uma bolha e um dia vai estourar", completou.

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