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Ex-funcionário grego recebeu propina de empresas brasileiras

Ex-funcionário do governo admitiu receber cerca de 16 milhões de dólares em propina há mais de dez anos para facilitar contratos de armas


	Protesto em Atenas, Grécia: Antonis Kantas foi preso e acusado depois que investigações descobriram que tinha € 13,7 milhões não declarados em uma conta em Cingapura
 (Milos Bicanski/Getty Images)

Protesto em Atenas, Grécia: Antonis Kantas foi preso e acusado depois que investigações descobriram que tinha € 13,7 milhões não declarados em uma conta em Cingapura (Milos Bicanski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2013 às 17h40.

Atenas - Um ex-funcionário do governo grego, que admitiu receber cerca de 16 milhões de dólares em propina há mais de dez anos para facilitar contratos de armas, inclusive de empresas no Brasil, devolveu 10 milhões de dólares aos cofres públicos, afirmou o Ministério das Finanças nesta terça-feira.

O vice-diretor de armamentos do Ministério da Defesa entre 1997 e 2002, Antonis Kantas, foi preso e acusado neste mês depois que investigações descobriram que ele tinha 13,7 milhões de euros não declarados em uma conta bancária em Cingapura.

Kantas é o primeiro membro do governo grego a admitir abertamente que recebeu propina por acordos de armamentos com empresas de países como Alemanha, França, Rússia, Brasil e Suécia.

"Estamos fazendo o possível para que o resto do dinheiro seja devolvido nos próximos dias", disse o advogado dele em comunicado.

O depoimento de Kantas aos investigadores, no qual ele identifica os vendedores de armas que pagaram propina a ele, deu início a uma investigação mais ampla em que dois homens foram acusados e deverão se apresentar a um tribunal nos próximos dias.

Dimitris Papachristos, de 78 anos, um dos dois acusados, foi preso na segunda-feira. O advogado dele disse nesta terça-feira que o seu cliente vai cooperar com as investigações, mas que ele também sofre sérios problemas de saúde, inclusive amnésia.

O caso tocou num ponto sensível para os gregos afetados pelas medidas financeiras de austeridade, que se esforçam para aceitar o fato de que o país está à beira da falência.

A aquisição excessiva de armas é vista como uma das razões que fizeram a Grécia pedir tantos empréstimos, levando à necessidade de apelar ao resgate financeiro conjunto da União Europeia e Fundo Monetário Internacional de 240 bilhões de euros, acompanhado de condições severas para o país, o que aumentou a pobreza e o desemprego.

A Grécia tinha o maior gasto com defesa da União Europeia em termos de produção econômica na última década. O gasto militar grego era de cerca de 4 por cento do Produto Interno Bruto em 2009, quando a crise começou.

A maioria dos contratos foi concedida para empresas estrangeiras.

O governo já condenou um ex-ministro da Defesa e o superior imediato de Kantas por lavagem de dinheiro.

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