Ex-campeão mundial de xadrez Gary Kasparov já foi detido em várias ocasiões por participar de protestos antigovernamentais não autorizadas (Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2012 às 20h09.
Moscou - O opositor russo e ex-campeão mundial de xadrez Gary Kasparov foi interrogado nesta segunda-feira pela polícia sob a acusação de ter mordido um agente antidistúrbio ao ser preso na última sexta, quando participava de um protesto contra a condenação do grupo punk Pussy Riot.
''A Polícia moscovita está disposta a realizar uma análise comparativa dos dentes de Kasparov e dos dentes dos cachorros policiais'', informou uma porta-voz da força de segurança citado pelas agências russas.
Um agente das forças antidistúrbios denunciou que Kasparov mordeu sua mão no momento em os soldados levavam o opositor ao camburão estacionado em frente ao tribunal de Jamovniki, situado na capital russa.
Caso a denúncia seja confirmada, o Comitê de Instrução poderia abrir um processo penal contra Kasparov, que nega taxativamente ter agredido o policial.
''Dei minhas explicações e apresentei um vídeo. Me garantiram que vão informar o Comitê de Instrução do distrito Jamovniki, que, por sua vez, deverá decidir se abre um processo penal ou não'', disse o opositor após deixar a delegacia.
Kasparov, que já foi detido em várias ocasiões por participar de protestos antigovernamentais não autorizadas, adiantou que prepara duas denúncias por detenção ilegal e difamação contra os agentes da polícia.
''Quero ver o agente. O que diz que eu lhe mordi. Isso é uma mentira grosseira. Certamente, tentei escapar do jeito que pude, mas meus dentes estavam completamente cerrados. Pode ser que fora o cachorro policial que lhe mordeu? Que façam uma análise'', disse.
Membros de uma organização policial, intitulada ''Oficiais da Rússia'', asseguram que Kasparov mordeu o agente que tentava impedir que ele abandonasse o camburão policial após ser detido.
''Meus ajudantes viram claramente que Kasparov mordeu o policial, sendo que no ônibus não havia nenhum cachorro'', disse Anton Tsvetkov, chefe da organização, citado pelas agências russas.
Nos protestos da última sexta, além de Kasparov, também foram detidos outros dirigentes opositores, como Sergei Udaltsov, e inúmeros partidários das três integrantes do grupo feminista Pussy Riot, as quais foram condenadas a dois anos de prisão por realizar o que chamaram de ''oração punk'' contra o presidente Vladimir Putin em uma catedral ortodoxa de Moscou.