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Bolívia: eleitores protestam após apuração indicar vitória de Evo Morales

Com 95,23% dos votos contabilizados, Evo Morales tem 46,86%, enquanto Carlos Mesa fica com 36,72%

Bolívia: o partido de Evo Morales não tem maioria na Câmara dos Deputados e no Senado (Ueslei Marcelino/Reuters)

Bolívia: o partido de Evo Morales não tem maioria na Câmara dos Deputados e no Senado (Ueslei Marcelino/Reuters)

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EFE

Publicado em 22 de outubro de 2019 às 07h11.

Última atualização em 22 de outubro de 2019 às 11h52.

O partido Movimento ao Socialismo (MAS), do presidente Evo Morales, perdeu a maioria de dois terços das cadeiras nas duas Câmaras do Congresso e luta voto a voto para manter a maioria absoluta, segundo os dados preliminares divulgados pelo Tribunal Eleitoral.

Para o partido Comunidade Cidadã, que ocupa o segundo lugar, o cenário também não é dos mais positivos, já que não conta com respaldo suficiente para ter maioria absoluta em nenhuma das duas Câmaras do Legislativo. No Senado, o MAS teria conseguido obter 18 das 36 cadeiras. Na Câmara dos Deputados, que tem 130 cadeiras, o partido de Evo teria feito 64 deputados.

Após o resultado, simpatizantes de Carlos Mesa, candidato pela Comunidade Cidadã, e do Movimento ao Socialismo, de Morales, entraram em confronto nas portas do hotel em La Paz.

Enquanto os aliados de Mesa contestavam os resultados divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral, os correligionários de Morales comemoraram a reeleição do presidente da Bolívia com base nos dados da Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP).

A apuração pelo sistema do TREP havia sido suspensa, mas foi retomada de maneira surpreendente. Com 95,23% dos votos contabilizados, Morales tem 46,86%, enquanto Mesa fica com 36,72%. Os 10,14 pontos percentuais de vantagem, o candidato do Movimento ao Socialismo estaria reeleito em primeiro turno.

No entanto, no chamado "cômputo oficial", que contabiliza os votos individuais, há virtual empate entre os dois favoritos. Com 61,9% das atas apuradas (até às 22h30 de Brasília), Mesa tinha 42,51% dos votos contra 42,24% de Morales.

Alguns dos simpatizantes de Mesa tentaram invadir o hotel onde o processo está sendo realizado, obrigando a Polícia Nacional da Bolívia a jogar bombas de gás lacrimogêneo para evitar o ação.

Agora, os dois lados estão separados por um cordão de agentes.

O bairro residencial de Miraflores, no leste da cidade de La Paz, também foi palco de incidentes relacionados à eleição. Moradores denunciaram que encontraram pelo menos 20 caixas com cédulas com votos em favor do Movimento ao Socialismo, segundo o jornal "Los Tiempos".

As cédulas pertenciam a uma seção eleitoral de El Alto, cidade da região metropolitana de La Paz e a segunda mais populosa do país. Em outra área da capital, a Avenida Landaeta, os cidadãos também alertaram as autoridades da presença de um microônibus que tentava levar material eleitoral.

Mesa, que já declarou que não reconhecerá os resultados da TREP, convocou seus eleitores a acompanhar o processo de apuração para evitar fraudes e pediu que denúncias sejam feitas contra o Tribunal Supremo Eleitoral, que, segundo ele, estaria atuando em favor de Morales para evitar a realização de um segundo turno.

O governo da Bolívia pediu tranquilidade à espera dos dados definitivos e garantiu que a apuração é transparente.

O ministro de Relações Exteriores da Bolívia, Diego Pary, se reuniu mais cedo com os delegados da Organização de Estados Americanos (OEA) que acompanha o pleito.

À noite, após a surpreende divulgação dos resultados da TREP, a missão internacional se pronunciou e pediu respeito à vontade dos cidadãos bolivianos, denunciando que houve uso de recursos públicos em favor de Morales durante a campanha.

"A missão da OEA manifesta sua profunda preocupação e surpresa pela mudança drástica e difícil de justificar na tendência dos resultados preliminares conhecidos após o fechamento das urnas", escreveu a organização em comunicado.

"Mantemos a esperança de que o resultado do cômputo definitivo mantenha a vontade manifestada pelos eleitores nas urnas", completou a missão da OEA na Bolívia.

(Com Estadão Conteúdo e EFE)

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